ATA DA OCTOGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 18-10-2004.
Aos dezoito dias do mês de outubro de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Elói Guimarães, Ervino Besson, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Nereu D'Avila, Professor Garcia, Raul
Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sebastião Melo e Wilton Araújo.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto
Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr.
Goulart, Elias Vidal, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza,
Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Pedro Américo Leal e
Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou
abertos os trabalhos. Na ocasião, foram aprovadas as Atas da Quadragésima Nona,
Qüinquagésima, Qüinquagésima Primeira, Qüinquagésima Segunda e Qüinquagésima
Terceira Sessões Solenes. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Ervino
Besson os Pedidos de Providências nos 1958 e 1959/04 (Processos nos
4938 e 4939/04, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel os Pedidos de
Providências nos 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973,
1974, 1975 e 1976/04 (Processos nos 4973, 4974, 4975, 4976, 4977,
4978, 4983, 4984, 4985, 4986 e 4987/04, respectivamente); pelo Vereador Professor
Garcia, os Pedidos de Providências nos 1970 e 1971/04 (Processos nos
4980 e 4981/04, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios: nos
171692, 171882, 174529, 179339 e 183984/04, da Senhora Márcia Aparecida do
Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde; nos 254552, 288500 e 291197/04, do Senhor
Arionaldo Bonfim Rosendo, Diretor Executivo do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde. Após, o Senhor Presidente registrou a presença da Senhora Rita Maria Silva Carnevale e do
Senhor Vanderlan Vasconcelos, respectivamente Secretária Adjunta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência –
SBPC – e representante da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, convidando
Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em
TRIBUNA POPULAR, à Senhora Rita Maria
Silva Carnevale, que discorreu a respeito da Semana Nacional da Ciência
e Tecnologia, que se inicia hoje, ressaltando a realização de diversos eventos
no Município de Porto Alegre, promovidos por entidades públicas e privadas.
Ainda, destacou a importância do incentivo à pesquisa científica no
País, principalmente como forma de inclusão e desenvolvimento social. Na
ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Professor Garcia,
Cláudio Sebenelo, Beto Moesch, Raul Carrion e Gerson Almeida manifestaram-se
acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta
e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados
às quatorze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de quórum.
Em seguida, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Elói Guimarães,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o
GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear o transcurso do Dia do Aviador –
V COMAR, nos termos do Requerimento nº 140/04 (Processo nº 4937/04), de autoria
da Mesa Diretora. Compuseram a Mesa: a Vereadora Margarete Moraes, Presidenta
da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Major-Brigadeiro-do-Ar Cezar Ney Britto
de Mello, representando o 5º Comando Aéreo Regional – COMAR; o Tenente-Coronel
Silvio Sampaio, Chefe da Casa Militar, representando o Senhor Governador do
Estado do Rio Grande do Sul; a Senhora Maria Hilda Marsiaj Pinto,
Procuradora-Chefe da Procuradoria Regional da República da 4ª Região; o Major
Faial Varella Krauser, representando o Comando Militar do Sul; o
Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires, representando a Capitania dos Portos
em Porto Alegre; o Major Paulo Ricardo Garcia da Silveira, representando o
Comando Regional da Área Metropolitana; o engenheiro Sérgio Domingues de Figueiredo,
representando a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra; o
Coronel Pedro Dauro de Lucena, representando a Liga de Defesa Nacional,
Seccional de Porto Alegre; o Vereador João Carlos Nedel, 1º Secretário deste
Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Elói Guimarães, em nome da Mesa
Diretora da Casa, realçou o papel da aviação militar para o desenvolvimento e segurança
nacionais, citando o apoio da Aeronáutica no combate ao crime organizado e ao
narcotráfico. Também, reportou-se ao Decreto nº 5.144/04, que dispõe sobre o Código
Brasileiro de Aeronáutica, no que concerne à possibilidade de destruição de aeronaves
hostis ou suspeitas de tráfico de drogas. O Vereador Pedro Américo Leal,
saudando o transcurso do Dia Do Aviador, teceu considerações a respeito das
tarefas da Aeronáutica, no sentido de auxiliar o desenvolvimento do Sistema de
Vigilância da Amazônia – SIVAM, entre outras atividades relevantes prestadas
pela Força Aérea Nacional. Também, considerando imprópria a denominação popular
de “Lei do Abate” para o Decreto Federal nº 5.144/04, analisou as repercussões
dessa regulamentação para a defesa aérea nacional. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Cláudio Sebenelo discursou a respeito da história da aeronáutica
mundial, desde as primeiras tentativas do homem em imitar o vôo dos pássaros,
passando pela invenção do avião, por Santos Dumont, até a criação dos foguetes
espaciais de última geração. Também, analisou o desenvolvimento da aviação no
País e a importância do Comando Aéreo Regional de Canoas na manutenção da
integridade do território brasileiro. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Gerson
Almeida saudou o Dia do Aviador e discorreu acerca do desenvolvimento da
aviação no País, principalmente com a criação do Ministério da Aeronáutica, em
mil novecentos e quarenta e um. Ainda, enfocou a importância da proteção do
espaço aéreo nacional, em função das grandes dimensões do território
brasileiro, enaltecendo a responsabilidade da Aeronáutica de assegurar a
soberania nacional. Em continuidade, a Senhora Presidenta concedeu a palavra ao
Major-Brigadeiro-do-Ar Cezar Ney Britto de Mello, que destacou a importância da
homenagem hoje prestada por esta Casa ao transcurso do Dia do Aviador - V
COMAR. Às quinze horas e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta minutos,
constatada a existência de quórum. A seguir, constatada a existência de quórum,
foi aprovado Requerimento de autoria da Vereadora Margarete Moraes, solicitando
Licença para Tratar de Interesses Particulares do dia dezenove ao dia vinte e
nove de outubro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na
vereança o Suplente Adeli Sell. Na ocasião, por solicitação do Vereador Sebastião
Melo, foi realizada a verificação de quórum, constatando-se a existência do
mesmo. Em prosseguimento, o Vereador João Antonio Dib solicitou que a Vereadora
Sofia Cavedon se manifestasse também, em Grande Expediente, em nome da Bancada
do PP. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Sofia Cavedon registrou o transcurso,
no dia quinze de outubro do corrente, do Dia do Professor, destacando a importância
de uma real valorização do trabalho desenvolvido por esse profissional,
principalmente no atendimento ao público infanto-juvenil. Nesse sentido,
abordou as dificuldades inerentes à prática do ensino, salientando exigências
relativas à constante pesquisa e atualização em termos pedagógicos e
programáticos. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Sebastião Melo, foi
realizada a verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo. Em
GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Sebastião Melo lembrou ser hoje o Dia do Médico,
discorrendo sobre as políticas vigentes na Cidade para as áreas de saneamento
básico e de saúde pública. Ainda, afirmou ser Porto Alegre uma das capitais
brasileiras com menor índice de integração ao Programa de Saúde da Família, de
âmbito federal, e defendeu a assinatura de convênio com o Governo Estadual,
para fornecimento de remédios às Unidades de Saúde do Município. Na ocasião, a
Senhora Presidenta cumprimentou os Vereadores Cláudio Sebenelo e Dr. Goulart,
pelo transcurso do Dia do Médico. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Beto
Moesch teceu criticas à edição, pelo Governo Estadual, de Decreto que altera o
zoneamento do Parque Estadual Delta do Jacuí, declarando que essa medida
deveria ser embasada em lei aprovada pela Assembléia Legislativa, após ouvido o
Conselho Estadual do Meio Ambiente. Finalizando, examinou a importância desse
Parque para a regularização ambiental da Região Metropolitana de Porto Alegre.
A seguir, foram apregoadas as Emendas nos 03 e 04, de autoria do
Vereador Cláudio Sebenelo, Líder da Bancada do PSDB, ao Projeto de Lei do
Executivo nº 047/04 (Processo nº 4837/04). Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador
Aldacir Oliboni saudou o transcurso, hoje, do Dia do Médico e defendeu a
política implantada pelo Partido dos Trabalhadores junto ao sistema público de
saúde de Porto Alegre. Sobre o assunto, asseverando que o Município atualmente
possui um serviço médico qualificado e que serve como referência no País,
traçou comparativo com as linhas de atuação, nessa área, seguidas pelo Governo
Estadual. Em prosseguimento, foi apregoada a Emenda nº 05, de autoria da
Associação Amigos do Cristal, da Associação Comunitária Jardim dos Coqueiros e
da União das Associações de Moradores de Porto Alegre - UAMPA, ao Projeto de
Lei do Executivo nº 047/04 (Processo nº 4837/04). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Ervino Besson cumprimentou os Vereadores Dr. Goulart e Cláudio
Sebenelo, pela passagem do Dia do Médico. Ainda, contestou o pronunciamento
efetuado pelo Vereador Aldacir Oliboni, acerca do sistema público de saúde
vigente em Porto Alegre, declarando que este serviço não corresponde às necessidades
básicas da população, por não oferecer a adequação e agilidade necessárias para
os atendimentos na área médico-hospitalar. O Vereador Gerson Almeida
reportou-se à manifestação do Vereador Beto Moesch, quanto ao Decreto do Governo
do Estado que alterou os limites do Parque Estadual Delta do Jacuí, defendendo
a realização de debate do assunto nesta Casa, com a presença de representantes
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Finalizando, destacou a influência
desse Parque na qualidade de vida da Cidade, em especial em termos de controle
climático e vazão das águas do Lago Guaíba. Na oportunidade, a Senhora
Presidenta registrou a presença do Senhor Bernardino Vendruscollo, candidato
eleito a Vereador de Porto Alegre para a próxima Legislatura, pelo Partido do
Movimento Democrático Brasileiro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá
Carpes discorreu acerca dos problemas constatados em Porto Alegre,
especialmente no que se refere à saúde, habitação, educação, funcionalismo
público, geração de empregos e ao Centro da Cidade, examinando possíveis
fatores causadores dessas dificuldades. Nesse sentido, afirmou que o Governo
Municipal não cumpre as obras previstas nas reuniões e discussões do Programa
de Orçamento Participativo. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Helena Bonumá afirmou
que a detenção de cargos eletivos exige alto grau de responsabilidade, alegando
que Porto Alegre é reconhecida mundialmente pela politização da sua população e
destacando a importância da realização do Fórum Social Mundial na Cidade.
Também, pronunciou-se criticamente a respeito dos oito anos de governo do
ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. O Vereador João Antonio Dib lembrou
que as obras da III Perimetral e o alargamento da Avenida Carlos Gomes foram
iniciadas pelo ex-Prefeito Guilherme Socias Villela e por Sua Excelência,
quando esteve à frente do Executivo Municipal. Ainda, contestou carta enviada
pelo Prefeito João Verle aos servidores municipais, acerca dos gastos públicos
com pessoal, afirmando que essa mensagem não corresponde à verdade e tem
caráter eleitoreiro. O Vereador Cláudio Sebenelo comentou o Projeto de Lei
25/2002, que tramita no Senado Federal, conhecido como Projeto de Lei do Ato
Médico, o qual dá exclusividade ao médico quanto ao diagnóstico e ao tratamento
das doenças, opinando que profissionais de outras áreas não têm formação necessária
para prescrever medicamentos. Também, criticou as políticas municipais para a
saúde, justificando que a população está sem esperança de resposta aos seus
anseios. Em continuidade, a Senhora Presidenta registrou a presença de alunos
do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS,
orientados pelo funcionário Jorge Barcelos, do Memorial deste Legislativo. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz contrapôs-se ao discurso do Vereador Gerson
Almeida, em Comunicação de Líder, argumentando que Secretários do Governo
Estadual não têm obrigação legal de atender solicitações de comparecimento a
esta Casa. Nesse contexto, sustentou que ocorreram situações em que Secretários
Municipais, mesmo sendo convocados formalmente, não compareceram a esta Casa
para prestar esclarecimentos aos Senhores Vereadores. Às dezessete horas e seis
minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador Ervino Besson e
secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à
A Srª Rita Maria Silva Carnevale,
representando a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, está
com a palavra, para tratar de assunto relativo à Semana Nacional da Ciência e
Tecnologia, pelo tempo regimental de 10 minutos. Convido o Sr. Vanderlan
Carvalho de Vasconselos, representante do Ministério da Ciência e Tecnologia,
para participar da Mesa.
A
SRA. RITA MARIA SILVA CARNEVALE: Boa-tarde. Ao
cumprimentar a Presidenta desta Sessão, cumprimento os demais integrantes desta
Casa, nossos legítimos representantes, bem como cumprimento os demais presentes
a esta solenidade. Queria inicialmente agradecer a oportunidade de aqui estar
na qualidade de Secretária Regional da Associação Brasileira para o Progresso
da Ciência - Regional do Rio Grande do Sul - SBPC/RS, entidade que congrega
todos os que fazem ciência pura ou aplicada, que se preocupam e trabalham para
a inovação científica e tecnológica. Trabalham para que ciência e tecnologia
sejam mais conhecidas, vistas como parte do nosso cotidiano, e divulgam o
quanto fazem para o nosso desenvolvimento científico e tecnológico, e,
principalmente, para a nossa soberania. Trabalham dentro dos mais elevados
princípios da ética, em benefício de todos: os institutos, entidades, grupos,
pessoas, independentemente de sua raça, credo, cor partidária, nível
socioeconômico, vínculos institucionais - público ou privado. Lidam com a
ciência vista como elemento que pode contribuir para a melhoria da qualidade de
vida de pessoas, cidades, Estados, instituições, empresas e organizações;
ciência vista como alavanca para a melhoria de condições de bem-estar coletivo
e individual, na saúde, na doença, no lazer, no trabalho e no ócio, nos espaços
próximos e nos espaços siderais. A ciência, como suporte ao desenvolvimento
tecnológico; a ciência geradora de riquezas, respeitando o meio ambiente e as
populações; ciência, suporte da inovação que nos garante espaços e parcerias
junto a outros grupos nacionais ou internacionais.
Reconhecendo a importância do trabalho que vem sendo
realizado por cientistas, estudiosos, empresas, universidades públicas e
particulares, escolas, institutos de pesquisa e desenvolvimento, professores e
acadêmicos, jovens e não tão jovens, que trabalham e estudam nos mais variados
pontos do País, em escolas dos mais diferentes níveis de instrução, de Norte a
Sul deste País e que enfrentam, diariamente, desafios, contornam heroicamente
restrições e, às vezes, incompreensões, que aproveitam e apontam oportunidades
de crescimento, que descobrem e difundem suas descobertas, enfim, em respeito e
consideração por tudo que vem sendo feito nessas áreas, a Presidência da
República, por Decreto Presidencial, instituiu, em julho deste ano, a Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia, a ocorrer em todos os anos no mês de outubro.
Este ano, a partir do dia 18 até o dia
24.
É o início desta Semana que nos traz a
esta Casa por vários motivos: primeiro, por acreditar que é aqui que deve ser
marcado o início de uma difusão e divulgação do que os porto-alegrenses fazem,
são capazes de fazer, podem, têm e precisam que seja feito neste campo do
conhecimento, pois é esta Casa que vai trabalhar para que acompanhamentos sejam
realizados, resultados sejam apreciados, medidas de melhorias sejam apontadas,
sugestões e proposições sejam apresentadas, reconhecimentos sejam explicitados.
Segundo, por acreditar que nossos representantes devem ser os primeiros a serem
informados do que ocorre em Porto Alegre, para que se façam presentes para
conhecer e poder, no futuro, agir com sabedoria. Terceiro, porque esta Casa tem
uma capilaridade que pode nos ajudar a disseminar não só os acontecimentos
desta Semana, mas todos os demais decorrentes dela. Pois é ela um dos marcos de
uma caminhada de mais ampla divulgação, difusão e popularização da ciência e da
tecnologia, em nome da inovação, do bem-estar, do crescimento sustentável e do
exercício da cidadania.
Em âmbito estadual, estão programados
debates, palestras, exposições, mesas-redondas, visita a instituições e
universidades, portas abertas sobre os mais variados temas, entre os quais
destacamos o forte envolvimento das universidades públicas e privadas, o
Cientec, a Fepagro, as escolas técnicas, as escolas públicas e privadas,
estaduais e municipais - e de outros municípios que não de Porto Alegre -, e um
sem-número de empresas.
Em Porto Alegre, a programação consta,
fundamentalmente, por este momento, nesta Casa.
Segue por uma abertura em âmbito
estadual, às 16h30min, junto à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado,
com a inauguração da Sala Ruy Carlos Ostermann, considerando-se sua condição de
homem público que foi e que muito lutou pelo reconhecimento da ciência e
tecnologia e pela educação, assim como por ter sido o primeiro Secretário
daquele órgão, responsável pela coordenação da execução das políticas públicas
daquele setor.
Junto à PUCRS, além de vasta programação
interna, à semelhança das outras universidades, dos centros universitários e
faculdades isoladas aqui sediadas, está ocorrendo um curso gratuito promovido
pela SBPC/RS e pela Organização Mundial Montessori, no sentido de divulgar
outra abordagem que pode ser dada ao Ensino Fundamental. Com duas turmas, uma
pela manhã e outra à tarde, paralelamente a uma exposição de materiais
didáticos, serão atendidos 100 profissionais da educação.
Ao mesmo tempo, durante a semana, em
escolas municipais de Porto Alegre, estarão ocorrendo, no turno da tarde,
palestras para os alunos dos ciclos finais do ensino, versando sobre inclusão
social; água, tecnologia, ciências e inovação; lixo - tecnologia e reciclagem;
temas importantes ligados às realidades da nossa Cidade.
Na sexta-feira é a vez dos professores se reunirem para
debaterem temas relativos ao processo ensino-aprendizagem de ciências na sua
mais ampla concepção. Caberá a esses participantes, em processo de difusão,
depois desta Semana, divulgarem junto aos demais, de sorte que até o fim do ano
todos tenham tido a oportunidade de pensarem e de terem sido informados a
respeito.
Na oportunidade serão distribuídas publicações da SBPC para
as bibliotecas dessas escolas.
No Centro Cultural Santander, estarão ocorrendo, ao longo da
semana, programações que vão desde palestras sobre informática, até uma
exposição multifacetada envolvendo Cientec, Fepagro, Fundação Escola Liberato
Salzano da Cunha, de Novo Hamburgo, e a Associação Filatélica Rio-Grandense,
reunindo Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura.
Será lançada uma revista especial sobre selos comemorativos
à Ciência e Tecnologia e a Cientistas Brasileiros, resultado da participação de
colecionadores de Porto Alegre.
Na sexta-feira, será feito o lançamento do documento:
Caminhos de Ciência e Tecnologia Porto Alegre, divulgando espaços e
organizações que fazem, divulgam, preparam pessoas para a Ciência e Tecnologia,
como museus, universidades, organizações não-governamentais, institutos. É um
documento preliminar que busca evidenciar quão rica é a nossa Cidade e objetiva
indicar a todos possíveis caminhos a percorrer, para conhecer nossas riquezas e
o que a Ciência e Tecnologia já fizeram e vêm fazendo para a Cidade e para o
País; dar ao maior número possível de pessoas a oportunidade de conhecer
espaços em Porto Alegre voltados e dedicados à produção e difusão do
conhecimento científico.
Em seguida, será realizada uma reunião de
avaliação da Semana, com levantamento de indicativos para a próxima.
Nesta segunda-feira, o Conselho Estadual
de Ciência e Tecnologia vai lançar o Programa de Incentivo à Criação de
Conselhos Municipais de Ciência e Tecnologia e Inovação. Porto Alegre pode
orgulhar-se de ser a primeira Cidade no Estado a possuir seu Conselho desde
1996. O Conselho de Ciência e Tecnologia muito tem contribuído para que a nossa
Cidade veja a Ciência como algo mais próximo de seu cotidiano, e muito vai
fazer para que diretrizes emanadas da sociedade reunida possam ser executadas.
Na quarta-feira, ao meio-dia, no
restaurante Panorâmico da PUC – prédio 40, 4º andar – será realizada uma
reunião-almoço, para a qual todos estão convidados, onde teremos a oportunidade
de ouvir três segmentos expondo as prospectivas e perspectivas da Ciência: o
setor público estadual, o segmento privado na área da Educação - a Escola
Província -, e a área da Saúde, por meio do Instituto do Coração.
Nas estações do Trensurb, em Porto Alegre
e na Grande Porto Alegre, por meio de cartazes auto-explicativos, estão sendo
divulgados atos e fatos inerentes à Ciência. Uma frota de 60 ônibus de Porto
Alegre, com o auxílio da Prefeitura Municipal, está divulgando, em busdoor, o endereço da página onde a
programação nacional da Semana está disponibilizada: www.mct.gov.br/semanact.
Convidamos a todos a acessar essa página e participar de um maior número de
programações.
Tomo a liberdade de deixar os nossos
convites formais para a Semana e um conjunto de cartazes relativos a esta.
Obrigada por nos ouvir e contamos com a
presença dos senhores, não apenas nesta Semana, mas em todos os eventos que
dizem respeito à Ciência e Tecnologia em Porto Alegre. Obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Cumprimento a Srª Rita
Maria Silva Carnevale, Secretária Adjunta da SBPC, pela qualidade da
programação aqui oferecida na Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, ao mesmo
tempo em que a convido, com muito orgulho, para compor a Mesa dos trabalhos.
O Ver. Professor Garcia está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidente, Srªs
Vereadoras e Srs. Vereadores; prezada Srª Rita Maria Silva Carnevale,
Secretária Adjunta do SBPC; prezado Sr. Vanderlan Vasconselos, com dois
mandatos de Prefeito de Esteio, primeiro Suplente de Deputado, e com muito
orgulho, hoje, representando o Finep, e principalmente o Ministério de Ciência
e Tecnologia, que tem no cargo de Ministro o Sr. Eduardo Campos, do PSB.
Queremos parabenizá-lo, Vanderlan, pelo trabalho que tem feito em Porto Alegre
e no Rio Grande do Sul. Queremos também dizer que é salutar, quando o Governo
Federal lança a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - em que se discute
aquilo que muitas vezes parece que é distante, porque a ciência e tecnologia,
ainda, para grande parte da população, pertence somente ao meio acadêmico -,
para tentar difundir esse tema nas escolas de Ensino Fundamental. A explicação
que a senhora trouxe é altamente salutar, porque a pesquisa tem de ser feita,
mas também a sua divulgação em todos os níveis, porque, no fundo, o que se quer
é a apropriação dessa tecnologia por parte de toda a sociedade. A senhora
também falou, com propriedade, da questão do suporte técnico, da riqueza que
traz a ciência e a tecnologia, e também da preocupação intrínseca com o meio
ambiente.
Por isso temos muito a dizer, em nome do
nosso Partido Socialista Brasileiro, pois, de forma intensa, estamos
interligados, já que temos hoje o Ministério, Vanderlan Vasconselos,
representante da Finep; tenho certeza de que quem vai lucrar com essa Semana é
a população de Porto Alegre e do Estado, em prol daquilo que se quer, ou seja,
a ciência e a tecnologia em busca do bem comum. Parabéns.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado, Srª Presidenta.
Congratulo-me com esta Casa por receber hoje aqui a Dra. Rita Maria Silva
Carnevale e o Dr. Vanderlan Vasconselos. Quanto a essa questão fundamental que
a senhora abordou, que é a soberania, gostaria de dizer que a soberania de um
País se dá, a hegemonia de um País se faz, hoje, no mundo, com o conhecimento
e, especialmente, com a informação. E isso, para nós, passa a ter uma grandeza
muito maior quando a própria Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
vem aqui dizer, por intermédio da sua Secretária, que quer disseminar, na
intimidade do tecido social, o conceito de que existe uma Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência.
Nós precisamos progredir cientificamente,
e o progresso aqui tem exatamente esta finalidade do crescimento do nosso
conhecimento, não como academicidade, não como algo de científico, exato e de
conhecimento acadêmico, não, mas como participação da sociedade na conquista
desse conhecimento. E isso democratiza a ciência, isso faz uma sociedade muito
mais feliz, porque ela vai participar diretamente e vai usufruir de algumas
coisas, pois a nossa crença comum é de que os nossos avanços tecnológicos se
dão na Aeronáutica, na Fórmula 1, quando, na verdade, o conhecimento é
intrínseco, vem de uma outra raiz, de um outro cerne muito importante que é a
universidade. Isso é um orgulho para nós, e Porto Alegre sediar essa Semana
Brasileira da Ciência e Tecnologia será notícia para o mundo inteiro,
certamente todos os veículos de comunicação estarão aqui para divulgar esse
evento. E lá, em uma casinha, lá na ponta do Brasil, eles vão receber esta
notícia: essa semana foi a Semana da nossa ciência! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço pelas
palavras do Ver. Cláudio Sebenelo. O Ver. Beto Moesch está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta Margarete Moraes, é uma
satisfação o Partido Progressista receber a Srª Rita e o Sr. Vanderlan para
anunciar a programação da Semana Nacional da Ciência. O Brasil já foi, há
muitas e muitas décadas, principalmente no final do século XIX e início do
século XX, um dos países referência em termos de ciência e tecnologia. E, hoje,
a situação está aí, o Brasil deixa muito a desejar. O Brasil, quem sabe,
poderia ser uma grande potência mundial se continuasse no caminho em que já
esteve, de buscar ser vanguarda na ciência e na tecnologia.
A Srª Rita trouxe alguns dados
interessantes que expressam a visão moderna de tecnologia, quais sejam, o
cuidado com a água, o cuidado com a reciclagem.
Hoje, um dos assuntos mais polêmicos a
que nós assistimos diz respeito à biotecnologia. Assim como qualquer ciência, a
biotecnologia pode servir tanto para o bem como, entre aspas, para o mal -
depende de como fazer e para quem fazer. Temos como exemplo o caso dos
transgênicos, que tanto podem servir para a saúde e para o meio ambiente, como
também podem servir para danificá-los, dependendo do transgênico.
O Brasil tem tudo para ser uma potência,
justamente no que se refere à biotecnologia - para os remédios, para os
cosméticos; é o extrativismo sustentável, que V. Exª referiu várias vezes, com
relação ao desenvolvimento sustentável.
Assim como a ciência e a tecnologia podem
ser as grandes aliadas do desenvolvimento sustentável, elas também podem ser
aliadas para criarmos malefícios, conforme mencionado pelo Ver. Sebenelo, como,
por exemplo, no que se refere à indústria armamentista.
Portanto, a ciência e a tecnologia devem
ser aliadas a uma política séria, que deve incentivá-las e estimulá-las, o que,
infelizmente, não ocorre no Brasil. Os cientistas, os pesquisadores devem,
também, fazer política no sentido de que ela priorize a ciência e a tecnologia
sustentável. E Porto Alegre tem vocação para ser uma cidade voltada para a
ciência e para a tecnologia. Isso só depende de todos nós, da sociedade. E,
quem sabe, a Semana Nacional do Meio Ambiente, no seu final, venha a propulsar
essa vocação da cidade de Porto Alegre e do Brasil, que já foi referência
mundial como vanguarda em ciência e tecnologia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Srª Rita Maria Carnevale, Secretária
Adjunta da SBPC, com quem já tivemos oportunidade de compartilhar alguns
eventos nesse campo; Sr. Vanderlan, velho companheiro de guerra, que hoje está
representando o Ministério aqui no Rio Grande do Sul; realmente, essa Semana de
Tecnologia tem grande relevância, pois, nas sociedades contemporâneas, a
tecnologia passou a ser uma força produtiva direta e um elemento decisivo.
Eu diria que um novo projeto de
desenvolvimento nacional, ou um projeto de nação – pelo qual todos nós lutamos,
e que, com o Presidente Lula, começa a abrir-se uma nova página nesse sentido
–, depende diretamente de grandes investimentos em tecnologia. Nós não podemos
pensar em repetir a era Vargas, a não ser em um outro estágio de produção de
alta tecnologia. Realmente, como disse o Ver. Moesch, durante alguns anos a
tecnologia foi sucatada neste País, principalmente na década perdida de 80 e
agora nos doze anos de neoliberalismo, em que os investimentos nesse campo
inexistiram e a estrutura, seja física, seja de pessoal capacitado, foi abandonada.
Mas eu creio que estamos entrando numa
nova fase. Temos agora o Ministro Eduardo Campos, do PSB, e o Secretário
Executivo do Ministério, Luís Fernandes, do PCdoB, e, inclusive, tivemos um
grande debate realizado aqui pelo Instituto Maurício Grabois, em que debatemos
toda a política inovadora que está ocorrendo no âmbito da ciência e tecnologia.
E não é por acaso que o Brasil, hoje, tem um papel importante nas pesquisas do
Projeto Genoma, nas pesquisas de petróleo em águas profundas, na pesquisa espacial,
na pesquisa aeronáutica, na biotecnologia, na energia nuclear para fins
pacíficos, na Física teórica, mostrando que temos um potencial, temos um grande
futuro e, com a condução firme do Governo Lula e do novo Ministro e seus
assessores diretos, entre os quais o Vanderlan, com o apoio da SBPC, que é uma
entidade com uma história fabulosa no nosso País - temos agora, também, no
campo da biomassa energética grandes pesquisas em nosso País, que são pioneiras
-, certamente a nossa comunidade científica dará a resposta que o nosso povo
espera, contribuindo para o desenvolvimento nacional e para que construamos
novamente um País soberano, democrático e cada vez mais justo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Queria saudar a presença da Professora
Rita Maria Silva Carnevale, Secretária Adjunta da SBPC, e também a presença do
Vanderlan, representando o MCT; ao ouvi-lo lembrei da biografia do nosso grande
cientista Darwin, na qual ele conta que foi decisivo para sua escolha em ser um
cientista, em percorrer, estudar e pesquisar, uma visita que fez, com seu pai,
quando tinha seis ou oito anos - não me recordo exatamente -, ao Museu
Britânico. Foi ali, segundo seu próprio relato, que nele despertou uma
curiosidade extraordinária que o tornou, certamente, um dos maiores cientistas
e produtores de conhecimento de toda a história.
Então, essa Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia que tem como público-alvo menos acadêmicos e mais a população em
geral, pode, quem sabe, com o apoio da SBPC, do Governo e de toda a sociedade,
constituir esse estímulo inicial que é fundamental para a vida de milhares e
milhares de jovens, que podem tê-lo ou não, de acordo com as condições e as
possibilidades que constituirmos, para que eles, ao observar o céu - como será
um dos dias da programação da Semana -, ou qualquer outro acesso que tenham a
uma informação, a um estímulo da curiosidade, possam, quem sabe, decidir ali e
escolher o caminho da produção científica, da produção de conhecimento.
Então, essa semana tem uma extraordinária
importância, e parece-me que ela vem dentro de um período em que, efetivamente,
se começa a superar um longo processo de descaso, inclusive de sucateamento da
produção científica no nosso País.
Eu só quero referir um episódio muito
recente, para ver como de fato essa é uma questão estratégica para qualquer
projeto, e agora mesmo estamos em debate internacional sobre a correção ou não
de mantermos o desenvolvimento de pesquisa sobre o domínio do processamento de
urânio, de conhecimento específico dos cientistas brasileiros. Essa, de fato, é
uma política em que se disputa grandes interesses, e sem um projeto de nação, a
ciência não pode ser um fim em si mesmo. Por isso, parece-me que nós estamos
num momento muito rico, muito importante, em que se articula um projeto de
nação, e, aí, nesse caso, tendo isso, a ciência ocupa um papel insubstituível.
E nós temos de ter soberania na produção do conhecimento, porque nós sabemos
que a difusão dele antes de ser processado, pode ser um elemento, não de
autonomia e economia nacional, mas mais um elemento de subordinação nesse
grande processo de monopólio da informação e do conhecimento que nós temos no
mundo.
A SBPC e o MCT, nessa união, podem
constituir esse estímulo, essa faísca que pode decidir que nós tenhamos muito
mais cientistas e pessoas preocupadas com isso no futuro do nosso País.
Parabéns em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em não havendo mais
Bancadas inscritas para fazer o uso da palavra, quero agradecer e dizer que é
um orgulho muito grande para esta Casa a presença da Srª Rita Maria Silva
Carnevale, Secretária Regional do Ministério da Ciência e Tecnologia, assim
como do Sr. Vanderlan Vasconselos, Coordenador do Ministério de Ciências e
Tecnologia – Finep/Rio Grande do Sul, ex-Vereador e Prefeito de Esteio por duas
vezes, e, hoje, militando na área da ciência e tecnologia.
Eu quero cumprimentá-los e dizer que voltem sempre, e que continuem com esse belíssimo trabalho pelo futuro do nosso País e de todos nós. Muito obrigada pela presença, sejam sempre bem-vindos. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h33min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes – às 14h34min):
Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra para um Requerimento.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES (Requerimento): Srª Presidenta,
solicito a inversão da ordem dos trabalhos para que possamos, imediatamente,
entrar no período de Grande Expediente e prestar a homenagem à Aeronáutica pelo
Dia do Aviador.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o
Requerimento de autoria do Ver. Elói Guimarães. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
Passamos ao
Hoje, este período é destinado a
assinalar o transcurso do Dia do Aviador - V COMAR, nos termos do Requerimento
nº 140/04, de autoria da Mesa Diretora.
Convido para compor a Mesa o
Major-Brigadeiro-do-Ar Cezar Ney Britto de Mello, Comandante do V COMAR; o
Tenente-Coronel Sílvio Sampaio, Chefe da Casa Militar, representando o
Governador do Estado do Rio Grande do Sul; a Drª Maria Hilda Marsiaj Pinto,
Procuradora-Chefe da Procuradoria Regional da República da 4ª Região; o Major
Faial Varella Krauser, Representante do Comando Militar do Sul; o
Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires, Representante da Capitania dos
Portos em Porto Alegre; o Major Paulo Ricardo Garcia da Silveira, Representante
do Comando Regional da Área Metropolitana; o Engenheiro Sérgio Domingues de
Figueiredo, Representante da Associação dos Diplomados da Escola Superior de
Guerra, e o Coronel Pedro Dauro de Lucena, Presidente da Liga de Defesa
Nacional - Seccional de Porto Alegre. Sejam todos bem-vindos; é uma honra
recebê-los.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra,
em nome da Mesa Diretora desta Casa, em Grande Expediente.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da
Câmara Municipal de Porto Alegre, Srªs Vereadoras e Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero cumprimentar, também,
o Coronel Pedro Dauro de Lucena, Presidente da Liga de Defesa Nacional -
Seccional de Porto Alegre; os Oficiais, o Chefe do Estado-Maior, bem como o
Chefe de Gabinete; o Coronel-Aviador Ricardo Fianco Neto, Comandante da Base
Área de Canoas; demais integrantes da Aeronáutica e do Exército aqui presentes.
Este é um momento importante para a Casa, e, de resto, para Cidade e para o
Estado do Rio Grande do Sul, quando temos a oportunidade de saudar a
Aeronáutica, no Dia do Aviador, saudar a Semana do Aviador.
Quero dizer que, de pronto, ao me
apresentar no Salão de Honra da Casa, cumprimentei o Brigadeiro, e
apresentei-me a S. Exª como o nº 80 do 14º Esquadrão de Caça da nossa Base
Aérea de Canoas.
Gostaria de dizer, em síntese, que foi um
grande momento, Brigadeiro, aquele em que tive a oportunidade de conviver com
os Soldados, os Sargentos, enfim, os Oficiais da nossa Aeronáutica, e ali pude
recolher uma série de ensinamentos, sim, para a continuidade da vida, como o
espírito patriótico, a firmeza de caráter desses homens que constituem as
nossas Forças Armadas - a Aeronáutica -, que é um dos tripés das Forças
Armadas, aquela que em nosso País já conta 65 anos, vai fazer 65 anos, posto
que foi criada, se não me falha a memória, em 1941.
Esta homenagem que a Câmara presta à
Aeronáutica, ao aviador de um modo geral, à Semana da Aviação, enfim, é muito
importante, porque se faz imprescindível destacar o papel da aviação; o da
aviação militar é para o desenvolvimento e para a segurança de qualquer País.
Não se concebe, hoje, a segurança de um
país - as Forças Armadas, a Aeronáutica, existem para a defesa da Pátria - sem
a Aeronáutica, juntamente com as demais Forças. O Exército e a Marinha existem
para a defesa das nossas instituições, portanto são instrumentos do Estado,
instrumentos do País, que têm o papel relevantíssimo da própria Unidade
Nacional, da defesa dos interesses maiores do nosso País.
Então, quando a Câmara, a Casa, se reúne
para prestar esta homenagem, o faz num momento extremamente importante,
mormente quando se atribui à Aeronáutica papéis relevantíssimos no processo da
segurança de um modo geral. Todos já tomaram conhecimento de que a partir de
ontem, segundo os meios de comunicação, atribui-se um papel extremamente
delicado à Aeronáutica, importante e vital no combate à delinqüência e ao crime
organizado, quando se autoriza - depois de esgotados todos os recursos - a
fazer o abate de aeronave que, por assim dizer, busca o crime, em última
análise, mormente ligado ao tráfico de drogas, isso que dizima populações, em
especial a nossa juventude.
Então, a Aeronáutica já tinha e já tem o
seu papel relevante. O aviador militar já tem um papel relevantíssimo, porque
não se concebe hoje, como já disse, um país que não tenha a sua Força Aérea, a
sua Aeronáutica, sem o que o País não pode conviver neste mundo. Queremos a
paz, mas o mundo tem seus contornos e perturbações.
Portanto, está de parabéns, Brigadeiro, a
Aeronáutica; estão de parabéns os militares, sejam eles aviadores, sejam eles
da Logística da própria Aeronáutica, porque têm em suas mãos relevantes papéis
de defesa da Pátria em comum; relevantes papéis na defesa das nossas
instituições.
Evidentemente que o tempo é muito curto -
embora seja Grande Expediente - para que se possa aqui aprofundar a análise, no
sentido de chamar a atenção da importância do nosso Aviador, da importância em
especial da Aviação Militar, da Aeronáutica, pelo que ela representa, pelo que
ela haverá de representar para a segurança do nosso País.
Somos um País-continente, um País que tem
oito milhões de quilômetros quadrados, um País que precisa, sim,
permanentemente da Aeronáutica nos céus brasileiros, vigilante aos nossos
interesses.
Precisamos olhar para a Aeronáutica! A
Aeronáutica precisa de reformulações, sim, porque, passados alguns anos,
seguros vinte e tantos anos desde que lá passei, lá ainda continuam os aviões
na Aeronáutica, aviões com 30 anos, e que precisam permanentemente de recursos.
A Aeronáutica, Brigadeiro, precisa de uma grande reformulação para colocar-se
exatamente no papel que lhe corresponde, diante deste novo século, em que a
aviação tem um papel de liderança, inquestionavelmente, em todos os aspectos
que se possa imaginar. Não precisamos nem pensar na guerra, no papel da aviação
na guerra, no papel de liderança, de vanguarda que a aviação tem no papel da
guerra; nem vamos pensar nisso, mas no desenvolvimento do País, porque não se
concebe mais um país, uma nação, sem uma Força Armada Aérea em condições de
fazer face aos desafios das mudanças da era em que estamos vivendo, com os
processos tecnológicos em constantes mutações.
Portanto, receba a Aeronáutica, receba o
Comandante da Base Aérea de Canoas, onde tive a honra de servir, o meu
agradecimento especial por ter podido passar por lá e por aprender tantas
coisas em diferentes aspectos.
E eu dizia, lá na sala, no Gabinete da
Presidência, no Salão de Honra, que, há dois anos, critiquei veementemente a
redução, Vereador e Coronel Pedro Américo Leal, quando se fez a incorporação de
Soldados às Forças Armadas, mormente no período da vida etária do jovem, do
adolescente, que precisa ter todos os cuidados; e um dos caminhos seria
exatamente passar lá, no cumprimento do seu dever, pelas Forças Armadas,
cumprindo assim o dever para com a Pátria e a responsabilidade que corresponde
a todos nós.
Portanto, vida muito longa à nossa
Aeronáutica. Mas é preciso, sim, chamar a atenção das autoridades federais para
que se dote a Aeronáutica dos recursos necessários para fazer face às suas
grandes e elevadas obrigações e relevantes papéis que lhe correspondem no processo
político e socioeconômico do nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Damos prosseguimento a
este período de Grande Expediente em homenagem ao Dia do Aviador, por proposta
da Mesa Diretora. O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Grande
Expediente, por cessão de tempo do Ver. Beto Moesch.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exma Srª Presidenta da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje fui
surpreendido, pela primeira vez em 28 anos de Plenário - 16 na Assembléia
Legislativa e 12 aqui nesta Câmara -, pelos meus companheiros; não aprontei
nada, o que nunca faço, porque em toda Sessão Solene, prego eu, no meio de
todos os meus Pares, que devemos e temos de fazer uma elaboração; mesmo que se
diga alguma coisa que não está no papel, mas o papel tem de ser exibido,
dizia-me o Jarbas Passarinho, meu querido companheiro também de tempos atrás.
Mas o que tenho a dizer, saudando a
Aeronáutica? Pensei que hoje fosse ouvir a Aeronáutica, a aviação do Brasil,
mas os meus companheiros me pregaram uma peça. O Dib deve estar metido no meio
disso, e companhia limitada. Resolveram pregar-me uma peça.
Mas falar da Aeronáutica é muito simples.
Até posso evocar o momento de que V. Exª deve se lembrar bastante, em 1964,
mais ou menos, quando o Alfredo - não sei se é da sua turma, Exmo. Sr.
Brigadeiro, o Tenente Alfredo Malan, que lá em Fortaleza teve o dissabor de
colocar, no vácuo, o teco-teco que transportava o Presidente Castelo. É preciso
que se diga isso, em tribuna, para que todos fiquem sabendo no Brasil, que
aquele acidente com o Presidente Castelo Branco foi provocado fortuitamente por
um piloto que nem sabia quem ele era. Nós nos reuníamos na Correia Dutra, em
1963, 1964, junto com outros personagens, que não interessa citar aqui, e o
Alfredinho - era como nós o chamávamos -, ex-Cadete da Aeronáutica, servia o
cafezinho. Coisa do destino! É preciso que se diga isso, de uma vez por todas.
O Brasil precisa saber disso, aquela sucção, se não me engano era de um Meteor, não sei que avião seria, mas a
jato, colocou abaixo o avião do seu padrinho, o Presidente Castelo Branco, já
não mais em função. Algo de novela!
É importante que se diga isso, porque
nada acontece por acaso, tudo tem um significado. Talvez eu nunca tenha
colocado o problema na tribuna tão fosforescentemente, tão em destaque no Dia
da Aeronáutica; foi um drama para a família Malan e para o Brasil.
Pois bem, o incidente que houve em
Fortaleza, provocado pelo Alfredo Souto Malan, foi, na verdade, ocasional e
dramático!
Mas o que tenho para dizer hoje da nossa
Aeronáutica, é que Vossas Excelências têm uma grande tarefa, agora ampliada com
a colocação de todo esse dispositivo Sivam em toda a nossa Amazônia. E reparem
bem que eu desfilo o meu automóvel com um dístico a “Amazônia é nossa”. Vão lá
na garagem e vejam se o meu automóvel não está, durante anos e anos com o
adesivo escrito: “A Amazônia é nossa”.
Pois bem, a Amazônia é a grande tarefa da
Aeronáutica. O Brigadeiro Eduardo Gomes se imolou com os Catalinas, com os DC3,
fazendo Correio Aéreo Nacional, num arremedo de comunicações com aqueles
distantes pontos, extremos pontos do Brasil, até hoje desprezados, não porque
queiramos, mas desprezados porque nós não somos auto-suficientes, porque as
Forças Armadas são, inadvertidamente, ignorantemente desprotegidas de verbas.
Tanto a Aeronáutica, tanto a Marinha como o Exército. Haja vista que desincorporamos,
de sopetão, 50 mil soldados nas vésperas das eleições que antecederam a posse
do atual Presidente da República, patrocinado por Fernando Henrique Cardoso.
Boquiaberto ficou o Brasil. Mas como? Choravam os soldados em reportagens
feitas nos jornais.
Mas as Forças Armadas são assim: as três
constituem o grande mudo. Eu não concordo com isso. Nunca concordei! Durante 28
anos em tribuna antepus-me a isso. E, dotado de temperamento rebelde, mas
disciplinado, criei várias coisas. Todas essas funções que os parlamentares
têm, hoje, foram criadas por mim; são os assessores de Vossas Excelências,
Senado, Câmara, Assembléia.
Eu estava dizendo, agora, antes de vir,
Ver. Elói Guimarães, que eu não pude chegar aqui a tempo, porque estava fazendo
uma grande entrevista para a Rádio Pampa e eles estavam ouvindo justamente o
que eu estou contando aqui. Nós proporcionamos ao mundo civil aquilo que eles
não tinham nos plenários das Câmaras, que eram os assessores. Não tinham
assessores. Como não tinham assessores? Sim, tinham assessores. Em 1970, não
tinham auxiliares. Bem, mas isso não vem ao caso.
Estamos diante do grande problema que
recai sobre a Aeronáutica. Eu já compareci a vários programas de televisão e
rádio, respondendo e sendo entrevistado a respeito dessa famosa Lei do Abate,
criteriosamente subordinada ao Ministro da Aeronáutica. Podem ter certeza de
que as coisas na caserna não são de afogadilho, não se faz nada de afogadilho
na caserna. As ordens podem ser dadas, podem até serem dadas ordens que repentinamente
coloquem em choque uma decisão que possa ter conseqüências inevitáveis ao País.
Mas o soldado, seja da Aeronáutica, da Marinha ou do Exército, sabe ser
controlado. Essa Lei do Abate, chamada impropriamente Lei do Abate, é um
diálogo de dez quesitos que o piloto mantém com aquele que trafica drogas e que
não merece nenhuma contemplação, porque está minando, está corroendo a
estrutura da nacionalidade. Ele não merece
nenhuma contemplação, está entregue à Aeronáutica; a decisão é do Ministro,
ele só poderá abater um avião depois de cumpridas e longas démarches, tenho certeza disso. De qualquer forma, Sr. Brigadeiro,
aceite aqui, de improviso, a minha saudação - por culpa deles, que me pregaram
esta peça. Pensei que um deles viesse aqui; eu quero que eles venham à tribuna
falar. Não quero ser o arauto da saudação às Forças Armadas. Não tem graça eu
fazer isso; quero que um deles venha, mas eles, num complô, apaziguaram os
ânimos e fizeram com que eu, mais uma vez, viesse aqui à tribuna saudar os Soldados,
os meus companheiros alados de caserna.
Meu grande abraço; este é, talvez, o
último pronunciamento que faço na tribuna, saudando a Aeronáutica, pois espero
descansar a partir do ano que vem. Muito obrigado. Palmas.
(Revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta Margarete Moraes, meu
pedido público de uns minutos a mais é porque eu escrevi um discurso com fins
de ser lido em Grande Expediente e não pude fazê-lo. Então, estou falando em
Comunicação de Líder.
Ontem acordei mais tarde, fim de semana,
com um inusitado despertador: um estrondo como se fosse um trovão que sacudiu a
casa e fez vibrar suas vidraças no fim da manhã. O noticiário radiofônico
esclareceu a fonte do ruído mais do que intenso, assustador: um caça da Base
Aérea de Canoas havia ultrapassado, voando sobre o Atlântico, a barreira do
som. Então eu entendi, era um rugido. Era o rugido da nossa Aeronáutica. E aí eu
fiquei tranqüilo.
Srª Presidente, Margarete Moraes, nosso
Major-Brigadeiro Cezar Ney Britto de Mello, também saúdo os demais componentes
da Mesa, já nominados anteriormente, especialmente a Srª Maria Hilda Marsiaj
Pinto, Procuradora-Chefe da Procuradoria Regional da República da 4ª Região.
Despertei pensando a mil. Pensei na
sociedade da pressa, na velocidade interplanetária, e nas questões às quais
Einstein dedicou sua vida, ou seja, equações envolvendo energia, massa e
velocidade, a famosa fórmula E=m.c2. Em seu livro, Eric von Däniken
perguntava há quase 40 anos e fez o mundo pensar: Eram os deuses astronautas?
Crivou nossas mentes de perguntas como a do título, mesmo sem apresentar na sua
obra qualquer rigor acadêmico ou compromisso científico. Mais para o final do
livro conta que a Ilha de Elefantina, na Grécia, tem, obviamente, o formato de
um elefante. Nos primórdios da humanidade, quando o ser humano ainda não tinha
sido apresentado a uma ciência chamada Cartografia, o que mais intrigava em seu
texto é que o formato da ilha só poderia ser percebido a dois mil metros de
altura. E a pergunta tornava-se verdadeiramente instigante. Será que há mais de
5 mil anos alguém voou a essa altura e enxergou o desenho de um elefante – e
daí o nome? Eram os deuses de então, mesmo, astronautas? Mesmo das lendas
gregas, Ícaro no seu voar com as aves, foi vitimado pela queda livre, por ter
ousado aproximar-se do sol, derretendo suas asas de cera. Ou em Pégaso, o
cavalo alado, o homem, em qualquer período histórico da humanidade, sonhou,
sonhou em voar; em pensar, em descobrir e voar. Em Fernando Pessoa: a praça é
do povo como o céu é do condor. Ou como Caetano Veloso diz e canta: “A Praça
Castro Alves é do povo como o céu é do avião”. Durante o último milênio inúmeras
experiências tentaram imitar as aves e ganhar o azul do espaço e navegar. Como
dizia Roberto Carlos: “...e desligar os controles da nave espacial”. Aquilo que
os grandes animais alados, antidiluvianos, seu magnífico efeito de
demonstração, o inigualável poder de voar, a magia do vôo, do deslocamento
rápido; hoje já estamos acostumados com os dinossauros de aço, familiarizados
com o seu barulho ensurdecedor, entrando e saindo com toda a naturalidade do
interior desses charutos alados, cheios de tecnologia e que, aos poucos, vão-se
transformando cada vez mais aerodinâmicos em seu design e transformando cada vez mais o nosso planeta em uma pequena
esfera.
Júlio Verne e o cinema consagraram
Cantinflas e o seu balão dirigível em “A volta no mundo em 80 dias”. Esses
satélites rodando permanentemente em volta da estratosfera, com a sua luz,
pouco se diferenciam das estrelas, fazem hoje, há menos de um século, a mesma
volta em algumas horas. É a magia do vôo, essa magia que vai aos poucos se
esvaindo.
Um velho comandante da Varig,
inconformado com sua aposentadoria, contava-me, como exercício garimpeiro das
suas reminiscências, suas noites insones, atravessando o mundo nos chamados
vôos internacionais. Dos oito formandos de sua turma, sete morreram em
acidentes de avião. Restava somente ele, egresso de uma aviação heróica e com a
definitiva certeza que contará para seus netos essa aventura que, uma dia, foi
diária e que hoje já passou.
E o que sobra daquela mística? Um grande número de heróis
sacrificados em nome da aviação e seu aperfeiçoamento.
Como todas as invenções do fim do século XIX, denominado,
adequadamente, de II Renascimento, junto com o uso da energia proveniente do
petróleo, da descoberta do motor a explosão, do cinema, da daguerreótipo, da
luz elétrica, surgem as primeiras experiências práticas do mais leve do que o
ar, dos irmãos Wright, e, aqui, no Brasil, em São Paulo, as tentativas de
Alberto Santos Dumont, obrigado a transferir-se para Paris, onde, no seu avião
14-bis, não deixou dúvidas. Nosso compatriota morre com o desgosto de que o seu
invento foi inevitavelmente usado como arma de guerra, confirmação pela
Luftwaffe, que empregou, com objetivos militares, pequenos aviões, bombardeando
na Guerra Civil Espanhola.
Um convênio com a França fez aportarem do Rio de Janeiro
militares daquele País para treinamento de militares brasileiros da Marinha e
da Aeronáutica, dando origem à Escola Brasileira de Aviação, em 2 de fevereiro
de 1914.
De mero artefato de observação da cena bélica na 1ª Guerra
Mundial, para a regulagem de tiros de artilharia e interceptação de aviões
inimigos, desenvolve-se toda a potencialidade das armas áreas. Surgem, no
cenário mundial, a aviação de caça e os atiradores de elite localizados nas
naceles traseiras das aeronaves. Após, o lançamento de bombas e engenho, que em
muito aumentaram a capacidade de tiro, inclusive operada pelo próprio piloto.
Nossos militares, perante esse novo desafio, participaram
ativa e definitivamente, no desenvolvimento desta aviação militar. Com caças importados
e material de treinamento bélico, começam a aparecer os primeiros grandes
resultados práticos dessa audaciosa realização.
Nelson Freire Lavenére-Wanderley e
Casimiro Montenegro Filho são dois nomes ligados a uma outra função, a da
Unidade Nacional, quando foram, do Rio de Janeiro para São Paulo, com duas
cartas, pilotando um “Curtiss Fledgling” nascendo, dessa forma, em 12 de junho
de 1931, o Correio Aéreo Militar, hoje, Correio Aéreo Nacional, onde, como
braço do Governo da União, leva, aos mais longínquos rincões, o civismo que fez
a FAB, em 1988, na Constituição Brasileira, ser incluída, pelo seu espírito
cívico, e continuidade das operações do Correio Aéreo Nacional.
Em 20 de janeiro de 1941 é criado o
Ministério da Aeronáutica, sendo seu primeiro Ministro Joaquim Pedro Salgado
Filho - nome do nosso Aeroporto. Foi através dele que experimentamos, como
Nação, um fantástico desenvolvimento e organização da nossa aviação civil e
militar. Sua missão é defender a Pátria e a garantia dos poderes constitucionais,
da lei e da ordem.
Desde então, funda-se a 5ª Zona Aérea e,
posteriormente, o V COMAR, Guarnição hoje composta pela Base Aérea de Canoas,
com seus esquadrões Pampa, Pégaso e Aranha e Departamento de Proteção do Vôo. O
Hospital da Aeronáutica em Canoas, com mais de 30 mil usuários; o 5º Serviço
Regional de Aviação Civil; a Prefeitura da Aeronáutica de Canoas e o
Destacamento de Controle do Espaço Aéreo, todos com sede em Canoas, Jurisdição
no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Essa estrutura orienta quase cinco mil
pilotos, inclusive aeronaves agrícolas, táxis aéreos, empresas particulares de
aviação. Ligada ao DAC, o DTCEA, o Departamento de Controle presta serviços no
tráfego aéreo, na meteorologia, nas comunicações, nas informações aeronáuticas
e na manutenção de equipamentos de proteção de vôo.
O V COMAR ainda mantém essa Prefeitura
Aeronáutica de Canoas, responsável por tudo o que diz respeito aos imóveis
residenciais de apoio a militares que servem na Guarnição.
A partir de 11 de abril de 2003, o
Major-Brigadeiro-do-Ar, Cezar Ney Britto de Mello é o Comandante do V COMAR. O
Comandante possui, apenas, seis mil horas de vôo, já tendo sido Comandante da
Base Aérea em 1992 até 1994.
Senhor Comandante: quando entram em
competição firmas com grandes capitais financeiros, no sentido de
estabelecerem-se agências espaciais e turismo espacial regular e freqüente nas
rotas espaciais hoje, como Cristóvão Colombo, em 1500, rumo ao desconhecido,
pensamos que seu treinamento é feito aqui no espaço aéreo brasileiro e no
espaço da nossa inteligência. Vossa Excelência comanda um grupo de militares
que saem pelos nossos céus lembrando, regressivamente, os primeiros homens que
sonharam que de nós, homens do século que recém findou, com o uso desses pássaros
de aço, zelando diuturnamente, indormidamente, por nosso espaço, comunicando,
informando, integrando todos os pontos do solo e do céu pátrio, perambulando
por aquelas 25 estrelas do nosso pendão nacional, como exemplo a todas as
gerações do mais alto sentimento de civismo, de sonho e de descobertas.
Por isso, Brigadeiro Cezar, agradecendo a
permanente lição de civismo de seus comandados, queremos demonstrar o nosso
orgulho no Dia do Aviador, que, na solidão do espaço infinito, às vezes sob um
céu "de brigadeiro", e noutra, sob uma tempestade, é sentinela, é
legítimo mantenedor da soberania nacional.
E peço licença para divulgar, pela sua
beleza, o conteúdo do lema da Base Aérea de Canoas: “Aqui se cultua a
eficácia”. É dela - a eficácia – que não poderemos prescindir como Nação. Mas
que se cultue e não se permita que nosso aviador, como um semideus, perca esse
sortilégio, a magia, a magia de voar, de voar por aí, rasgando o espaço,
rompendo todas as barreiras do nosso subdesenvolvimento, inclusive, como no
domingo, até a barreira do som. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida
está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Aldacir
Oliboni.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) O Brasil foi um dos pioneiros na utilização do avião.
Em 02 de fevereiro de 1914 nasceu a Escola Brasileira de Aviação, no Campo dos
Afonsos, mediante acordo governamental. Uma missão militar francesa veio ao Rio
de Janeiro treinar pilotos militares da Marinha e do Exército visando ao
emprego de aeronaves em objetivos militares.
Em 12 de outubro de 1931 surgiu o Correio
Aéreo Militar como resultado de uma viagem realizada por dois tenentes da
Aviação Militar: Nelson Freire Lavenére-Wanderley e Casimiro Montenegro Filho.
Eles saíram do Rio de Janeiro e chegaram a São Paulo conduzindo uma mala postal
com apenas duas cartas. Certo tempo depois, o Correio recebeu a denominação de
Correio Aéreo Nacional, com a missão de assegurar a presença do Governo nos
mais longínquos rincões do território nacional. A continuidade desse serviço
foi garantida pela Constituição, na Carta Magna promulgada em 1988. Já o
Ministério da Aeronáutica foi criado em 20 de janeiro de 1941. A partir daí, a
aviação passou a ter uma importância muito grande para o Brasil, seja por se
tratar de um País com dimensões continentais, seja porque, pelas dificuldades
das suas fronteiras, quem chega primeiro é a Aeronáutica, quando é preciso
atravessar longas e grandes distâncias. Inclusive para levar os soldados que
vão combater em terra é a Aeronáutica que precisa ir até lá.
Então, neste Dia do Aviador, no Dia das
Forças Aéreas Brasileiras, é preciso saudar a todos os oficiais e
representantes da Aeronáutica, soldados, os trabalhadores do setor aeronáutico,
os aeronautas civis e militares, enfim, todos eles.
Há alguns minutos, antes desta homenagem,
nós discutimos aqui as atividades da 1ª Semana Brasileira de Ciência e
Tecnologia. Há uma evidente relação entre os dois temas, porque a Aeronáutica e
a Aviação são memórias importantes da capacidade criativa e do gênio
brasileiro, porque falar em Aeronáutica e em avião sem lembrar Santos Dumont, é
algo que não é possível.
A produção científica, a produção de
conhecimento, como o célebre 14-Bis, sem dúvida, é uma colaboração da
inteligência brasileira para o desenvolvimento da ciência e da técnica, quase
sem igual. Nós podemos também discutir a própria precedência de produção de
conhecimento das transmissões por telefone, por exemplo, algo até hoje com
extraordinária discussão sobre se foi o brasileiro que produziu o primeiro
sistema ou não, e há muita bibliografia que, no mínimo, deixa uma dúvida muito
clara sobre isso.
Então, nós podemos dizer que além do
profissional aviador, a produção da Aeronáutica está estreitamente ligada à
proteção, naturalmente, à integração do território nacional, à garantia de suas
fronteiras, à interligação num país intercontinental, que não pode ser feita de
forma eficiente sem a aviação, sem o aviador, sem a Aeronáutica, e todo o
suporte administrativo e operacional que essas atividades implicam; e também
com o estímulo que significa a existência da Aeronáutica e da Aviação para o
desenvolvimento do ensino e da pesquisa em qualquer país - e no Brasil não é
diferente.
Não é à toa que nós temos a Embraer, uma
empresa de excelência na produção do conhecimento, e que disputa com as
principais potências econômicas do mundo, pois ciência e tecnologia também
disputam tecnologias de ponta; e, hoje, em todas as discussões, nos debates e
nas concorrências internacionais para a produção e venda de aeronaves, lá está
a Embraer, com propostas competitivas e produtos de excelência para apresentar.
Portanto, essa interação é fundamental,
especialmente num período em que a Nação brasileira preocupa-se fortemente em
constituir um projeto de Nação que a coloque no cenário internacional não de
uma forma subordinada, mas de uma forma autônoma e soberana, que seja capaz de
incidir no concerto das nações com autoridade, com disposição e autonomia como
todos nós queremos.
A presença, por exemplo, do País nas
discussões em todos os fóruns nacionais - especialmente cada vez galvanizando
mais apoios da comunidade internacional para o seu pleito legítimo e justo de
se ter um assento, por exemplo, no Conselho de Segurança das Nações Unidas -,
parece-me que é daqueles pleitos que demonstram e sintetizam um novo momento,
em que, respeitando todos os interlocutores, não nos colocamos de cabeça baixa
nos fóruns nacionais e internacionais. E, para isso, não só as Forças Armadas,
no seu conjunto, mas tudo aquilo que significa a idéia de um projeto nacional,
a construção de um projeto de Nação que não seja apenas autóctone, porque essa idéia não tem sentido no
mundo contemporâneo, mas a idéia da autonomia, da soberania é cada vez mais
atual, e deve ser, cada vez mais exercida e aprofundada.
Por isso, um dia como o de hoje, da
Aeronáutica, do Aviador, nos permite fazer a lincagem evidente com duas questões essenciais: um projeto de nação e,
outra implicação direta, a produção do conhecimento, algo extremamente
necessário para que uma nação possa, efetivamente, constituir-se de forma
completa e incidir no conjunto dos debates, das discussões.
Por isso - eu não quero ultrapassar o
tempo regimental - eu quero, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores e
do Partido Comunista do Brasil, esse por solicitação do Ver. Raul Carrion,
dizer que é um orgulho para o Brasil todo o trabalho que envolve as discussões
sobre a integração nacional, sobre a autonomia e soberania. E, com certeza,
nesse concerto, a Aeronáutica tem um papel insofismável. Num país continental
como o nosso muitas vezes só a Aeronáutica pode fazer com que a identidade
chegue a alguns cantos de forma rápida, clara e soberana.
Parabéns a todos, parabéns à Mesa
Diretora, que tomou a iniciativa desta homenagem! E, sem dúvida nenhuma, eu
acredito que nós estamos, com base em toda a história do Brasil, inaugurando um
período em que, efetivamente, a nossa Nação, o nosso País pode começar a
construir aquele que é o sonho e o desejo de todos nós. E nesse projeto, com
certeza, a Aeronáutica e a Aviação têm um papel insubstituível. Muito obrigado.
Parabéns a todos! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O
Major-Brigadeiro-do-Ar Cezar Ney Britto de Mello, comandante do V COMAR, está
com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. CEZAR NEY BRITTO DE MELLO: Exma Srª
Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Inicialmente, eu desejo agradecer a este douto Plenário pela
lembrança do Dia da Força Aérea e a esta homenagem que fazem a nós, integrantes
da Aeronáutica brasileira, aos Soldados do ar e à nossa Instituição.
A data de 23 de outubro de 1906 foi
quando o gênio inventivo de Santos Dumont, no Campo de Bagatelle, na França,
realizou o feito de alçar aos ares um engenho mais pesado do que o ar, e, essa
data, então, foi escolhida para ser o Dia da Força Aérea Brasileira, porque lá
entendemos que tudo começou; e, também, o Dia do Aviador, e aviador, como
qualquer outro, militar ou civil, não necessariamente dia do aviador militar,
mas dia do Aviador do Aeroclube do Rio Grande do Sul, da Varig, da Vasp, da
TAM, e de tudo o que voa.
A nossa Aeronáutica foi criada em 1941,
sendo filha dileta da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro na junção da
Aviação Naval e Aviação do Exército. Dessas aviações nos orgulhamos de, até
hoje, manter as tradições, e, hoje, nos apresentamos ao povo brasileiro com o
disco de asas de um povo soberano. Por conhecer, há 42 anos, essa força que me
abriga, eu me arrisco a dizer que nós somos mais do que asas de um povo
soberano.
Não importa falar, aqui, no dia desta
homenagem, dos nossos problemas, das nossas deficiências, algumas já foram até
aqui citadas; as dificuldades que temos para manter as nossas aeronaves, já
antigas; as dificuldades que temos para manter íntegra toda a rede de radares,
porque um avião decolando de Uruguaiana é visto em Brasília, como daqui também
se vê um avião decolando de Belém. Toda essa integração de radares permite
isso, e temos uma dificuldade em sua manutenção. Também quero lembrar que a
infra-estrutura aeroportuária é de nossa competência e abriga mais de três mil
aeródromos. A Infraero cuida, como empresa pública, dos 66 aeroportos mais
importantes.
Mas eu queria falar de outras coisas; eu queria falar da
minha Aeronáutica, que criou o Instituto Tecnológico da Aeronáutica e o Centro
Técnico Aeroespacial. O primeiro, formando cérebros, e o segundo, impulsionando
o avanço tecnológico, propiciando e capacitando a indústria nacional até os
dias de hoje, apoiando a Empresa Brasileira de Aeronáutica, ou seja, a Embraer,
também criada pelo Ministério da Aeronáutica. A própria Empresa Brasileira de
Infra-Estrutura Aeroportuária também foi criada pelos “homens de azul”; que
hoje alçam vôos maiores.
Queria também lembrar da Celma, que foi criação do
Ministério da Aeronáutica, lá em Petrópolis, para fazer revisão de motores,
acessórios e componentes. Eu queria lembrar também do papel que a Força Aérea
executa, e executou, de desbravamento da Amazônia; queria lembrar da Força
Aérea que, em todos os quadrantes deste País, leva roupas, agasalhos, alimentos
e medicamentos, que auxilia o Ministério da Saúde na campanha de vacinação em
lugares em que somente o helicóptero chega. É desse trabalho que, muitas vezes,
a sociedade que nos suporta e nos apóia sequer trava conhecimento. Não é
necessário citar ações bélicas, mas apenas essa outra vertente que a Força
Aérea Brasileira faz em prol do País e do seu povo. Eu queria falar da Força
Aérea que busca e resgata vítimas de acidentes aéreos e de naufrágios. Eu
queria falar da Força Aérea que minimiza a dor de populações que tenham sofrido
catástrofes, mesmo as climáticas. Eu quero falar da Força Aérea que tem também,
junto a ela, a obrigatoriedade da manutenção da soberania do espaço aéreo
nacional. Eu queria falar da Força Aérea que abre seu coração em missões de
misericórdia e de humanidade, transportando doentes de regiões inóspitas para
centros mais desenvolvidos, para que possam ter esperança de vida. Falo da
Força Aérea que avança fronteiras para transportar, em segurança, de volta ao
torrão natal, brasileiros residentes em países cuja instabilidade política
comprometeu-lhes a vida. Assim foi em Angola e, mais recentemente, na Bolívia.
Porém, finalmente, resta afiançar, neste
momento de homenagem, que a Aeronáutica, por intermédio da Força Aérea
Brasileira, embora ciente do seu componente bélico e institucional, é, sem
qualquer sombra de dúvida, a asa da amizade. Isso me permite dizer que mais do
que isso, mais do que a asa de um povo soberano, asseguro a todo e a cada
brasileiro que a Força Aérea estará sempre com olhos e ouvidos atentos, pronta
para ser a continuadora da ciência, da arte, do dom e da técnica de voar, para
que as nossas asas estejam a serviço da paz, do progresso e do bem-estar comum.
A Força Aérea, enfim, pode ser resumida
como sendo as asas de um povo soberano, asas da esperança, asas da
solidariedade, asas da paz, asas da amizade e asas de um sonho, e deste sonho
não abriremos mãos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Neste momento, eu
quero mais uma vez agradecer ao Cel. Siqueira, ao Ver. Elói Guimarães pela
lembrança deste momento para esta Casa, que, na verdade, proporcionou um
momento de civismo, de reflexão, de conhecimento, sobretudo, do que representa
a Força Aérea Brasileira. Em nome do Major Brigadeiro-do-Ar Cezar Ney Britto de
Mello, Comandante do V Comar, eu quero agradecer o comparecimento de todos os
senhores, das autoridades civis e militares, dos oficiais, dos praças e de
todos os que honram a Câmara de Porto Alegre com a sua presença.
Dou por encerrado este momento do Grande
Expediente, suspendendo a Sessão por alguns minutos, para as despedidas. Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h35min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes – às 15h40min):
Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Eu convido o Ver. Ervino Besson para assumir a presidência
dos trabalhos por um minuto.
(O Ver. Ervino Besson assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): A Verª Margarete
Moraes solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares, no período de
19 a 29 de outubro de 2004. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam
o pedido de Licença permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(A Verª Margarete Moraes reassume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Srª Presidenta,
solicito verificação de quórum da Sessão, nos termos regimentais.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): (Após a verificação
nominal.) Há quórum.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra
em Grande Expediente, por transposição de tempo com o Ver. Sebastião Melo.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta,Verª Margarete Moraes,
colegas Vereadores, Vereadoras, público que nos assiste pela TVCâmara, faço uso
deste Grande Expediente para homenagear a passagem do dia dos professores e
professoras, dia 15 de Outubro. Acho que é uma homenagem necessária e
pertinente, pelo perfil e caráter desta função, pela importância para a
sociedade desta função e pelo desafio nos tempos de hoje, e desde sempre, de
exercer a função de professor, de professora. Talvez, seja a única profissão
que, de 45 em 45 minutos, modifica-se na nossa frente a turma de alunos, o
conjunto de seres humanos que têm expectativas, que estão ali nos desafiando,
que nos exigem mais energia, que nos exigem planejamento, que nos exigem uma
capacidade de superação das próprias fraquezas, da condição do dia, dos
desafios dos novos tempos, os tempos em que a juventude, a adolescência está
inquieta, em que os valores estão em debate, em que há uma dificuldade grande
de construir um diálogo, de transformar a escola num lugar agradável, num lugar
sedutor.
Talvez seja a única profissão que precise
mobilizar emoção, que precise mobilizar paixão, interesse; essa é a primeira
tarefa, de chegar na frente dos alunos e conseguir mobilizá-los para a
aprendizagem. Engana-se quem acha que os alunos estão ali prontos, organizados,
cabendo ao professor a tarefa de virar para o quadro e passar o conteúdo. A
grande tarefa do professor é mobilizar seres humanos, compreender o seu
momento, a dificuldade que traz de casa, o jeito de funcionar, o interesse
daquele momento e conseguir trabalhar isso com sucesso, conseguir trazer essa
turma para o movimento de aprendizagem coletivo. Essa não é uma tarefa nada
fácil.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Verª Sofia Cavedon, o professor tem a profissão mais
importante da sociedade, por isso eu peço a V. Exª que fale em nome do nosso
Partido, o Partido Progressista.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Agradeço, Ver. João Antonio Dib, falo,
também, em nome do Partido Progressista. Aos mestres, com carinho, como diz o
Ver. Pedro Américo Leal. E nós queremos marcar aqui, e tenho certeza de que é a
posição de todos os Partidos, que não é apenas o reconhecimento simbólico que a
sociedade deve fazer do professor. É, sim, o reconhecimento concreto, a
valorização concreta dessa profissão. E lamentavelmente não é essa a construção
histórico-cultural que nós temos no Brasil, de um reconhecimento concreto, de
uma valorização real, de uma destinação orçamentária real para a Educação e
para o profissional da educação.
Se compararmos, no País, os prédios
destinados ao trabalho dos educadores com os prédios destinados aos negócios
bancários, vamos ver a grande diferença. Enquanto as nossas escolas
historicamente são de madeira, e o magistério é uma profissão de entrega, de
idealismo, nós encontramos, no conjunto de outras profissões, condições estruturais
e físicas que realmente valorizam, respaldam e garantem um bom trabalho.
O profissional da educação teve de lutar muito para
conseguir ser reconhecido como profissional, para ter carreira, para ser
considerado pela sociedade como alguém que tem reivindicações, que tem
direitos, que precisa ser bem remunerado, que precisa ter um reconhecimento
como profissional, que precisa de uma formação muito séria. Por muito tempo se
acreditou que as professorinhas, com um pouquinho do jeito de mãe, educariam os
nossos filhos na escola. Hoje está comprovado que é uma das mais difíceis
funções. Quando, aqui em Porto Alegre, a gente faz a transformação da escola,
quando se supera aquele conjunto de instrumentos que nos davam indicadores do
que os alunos estavam desenvolvendo, que era aquela meia dúzia de provas ou
aquela média, sabem qual é o principal problema que aparece, ou a dificuldade
que fica clara e que a gente passa a tratar? É a grande dificuldade que é
ensinar; é fazer acontecer a aprendizagem. Quando a gente passa a olhar para o
aluno individualmente, real, concreto, no seu processo de aprendizagem, a gente
vê o quanto de subsídio falta ao professor para que a sua prática tenha
sucesso. O quanto é difícil para uma criança de nove anos, que empacou, que não
consegue ir adiante, que esbarrou numa dificuldade e não constrói a
aprendizagem.
Tu tens 30 alunos na tua frente e estás vendo que o
Joãozinho precisa de uma ação do professor, e para saber qual é a ação, o
professor precisa estar-se superando, estudando, precisa da contribuição das
diferentes áreas, precisa de uma formação que se aproxime da sua prática; não
adianta, não está nos livros ou na formação básica. A solução e a forma de o
professor encontrar as saídas estão na formação permanente, na reflexão
permanente da prática, no respeito e na garantia de que o professor possa ser
um pesquisador da sua prática. Não há outra fórmula, não há cartilhas ou
fórmulas prontas para fazer acontecer a aprendizagem; a única fórmula que
aprendemos é aquela em que o professor tem condições reais de discutir com seus
pares os casos concretos, de estar estudando ao mesmo tempo em que está
praticando, de estar tendo aporte teórico, aporte material para construir
saídas. Todos opinam sobre educação, a sociedade está sempre dizendo: “Ah,
aquela escola é fraca, aquela escola é forte, isso e aquilo”. Muitas vezes,
aqui na Câmara, a gente diz: “Olha, na escola tem de ensinar isso, tem de
ensinar aquela matéria e aquela outra”. Neste momento, este Parlamento tem de
registrar o direito que o professor tem de construir a sua prática, mas muito
mais do que isso, de construir-se e ser protagonista de sua prática.
E é nessa caminhada que Porto Alegre está: na caminhada que
valoriza o professor, que transforma a história e transforma a escola. Por
muito tempo, à escola e ao professor foi dada a tarefa de reproduzir uma
sociedade, e, portanto, tirava-se do professor e da professora a possibilidade
da autoria, a possibilidade da construção do novo. E pior, os alunos tinham
pouca possibilidade da construção do conhecimento próprio.
Faço aqui a homenagem aos profissionais da Educação do
Estado, do Município e Federais, que, com tudo o que tem dificultado essa
prática, têm demonstrado a transformação da sociedade e da história através de
uma prática nova, através da investigação e através da sua luta, sim, para que
essa sociedade de fato os valorize. Parabéns aos profissionais da educação, aos
professores e às professoras. Essa luta é de toda a sociedade, porque construir
seres humanos é uma tarefa nossa, das mais dignas e das mais difíceis.
Obrigada.
(Não revisto pela
oradora.)
O
SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Srª Presidenta,
requeiro a verificação de quórum, nos termos regimentais.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): (Após a verificação
nominal.) Há quórum. O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
colegas Vereadores e colegas Vereadoras. Primeiramente, hoje, nós queremos,
como Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa, Ver. Cláudio
Sebenelo, fazer a nossa saudação ao Dia do Médico; o médico, que é uma
profissão indispensável no cotidiano da caminhada terrena. E para falar nos
médicos, Ver. Cláudio Sebenelo, é evidente que nós não podemos falar
isoladamente da profissão do médico sem contextualizar a questão da Saúde do
nosso País. Nós somos um País que temos, hoje, dos seus 175 milhões de
brasileiros e brasileiros, quase um terço da população vivendo na linha da
absoluta miserabilidade. Pela Constituição, essa população tem direito a tudo,
mas não tem acesso a nada. E Saúde não é só ter hospitais, não é só ter
ambulâncias. A saúde pública começa quando se tem uma rede de serviços que vai
além da Saúde.
Eu vou começar pelo tratamento de água. O nosso Brasil, o
nosso Rio Grande do Sul, e até Porto Alegre, que é uma cidade cuja imagem é
vendida como tendo qualidade de vida, possui 7% da população que não tem água
encanada, Ver. Dib. O senhor, que já foi Prefeito desta Cidade, deve saber que
muitas localidades ainda são abastecidas com caminhão-pipa. Um exemplo é a
nossa Ilha dos Marinheiros, que agora possui alguns reservatórios, mas em
função de um trabalho magnífico da Cúria Metropolitana.
Então, quando eu falo em Saúde, eu tenho
de falar, primeiro, que o esgoto não-tratado - hoje, em Porto Alegre, 75% dos
esgotos não são tratados - é, sim, um problema de saúde pública.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Sebastião Melo, uma das coisas que sempre me aborreceu
foi a Administração prefeitoral dizer que 99% da população era abastecida com
água tratada. Eu já me irritava com isso. Agora eles dizem que 100% da
população é abastecida com água tratada, mas, na verdade, esse percentual nunca
passou de 97%. E não há mal nenhum nisso daí, mas é que é absolutamente
impossível chegar ao índice de 100%, com relação ao abastecimento de água, numa
cidade que cresce de forma favelada, como acontece na cidade de Porto Alegre.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Muito obrigado, Ver. João Dib. Eu retomo
a palavra para analisar, um pouco, no Dia do Médico, “a floresta” da nossa
saúde pública.
A Saúde foi municipalizada em 1997 –
transferiu-se toda a rede de atendimento estadual para a municipalidade. Porto
Alegre é uma das capitais brasileiras que tem o menor número de PSFs – Programa
de Saúde da Família, Ver. Beto.
O Programa de Saúde da Família foi um
Programa concebido no Governo Fernando Henrique. Nem tudo que o Governo
Fernando Henrique fez foi ruim. Houve muitas coisas que ele fez que não deram
certo. Mas o Programa de Saúde da Família, no meu entendimento, foi um bom
Programa do Governo Fernando Henrique. E, em razão de uma disputa política e
ideológica, muitas vezes bestial – porque o Partido que está no poder da
República não casa com o meu Partido, no Município –, faço um enfrentamento no
sentido de dizer que, muitas vezes, quem sai perdendo é o povo. Hoje, em Porto
Alegre, há apenas 63 PSFs, Presidenta. Ou seja, isso está muito aquém das
necessidades da Saúde básica deste Município.
Então, aproveitando que hoje é o Dia do
Médico, gostaria de dizer que esse profissional, muitas vezes, é incompreendido
pelo usuário do SUS, Ver. Oliboni. Quando o usuário do SUS bate e o hospital
está fechado – e é responsabilidade do Poder Público -, muitas vezes é o médico
que leva a fama de não oferecer o pronto atendimento naquela hora.
Portanto, nós, em Porto Alegre – e vamos
falar da nossa municipalidade –, precisamos avançar muito ainda na questão da
Saúde. Eu sei que o Governo tem feito, mas o eixo da Administração Municipal
não está acertando na Saúde, porque, se de um lado há problemas de recursos, “o
cobertor sempre é curto”, por outro lado, há um problema de gestão, Ver. Beto,
porque não se pode transferir responsabilidade de quem administra a Saúde há
sete anos nesta Cidade, e, portanto, ele deve dar uma resposta e não transferir
responsabilidade.
E hoje existe um atendimento na rede
básica complicado, os remédios não existem nas prateleiras, aliás, havia um
candidato que disse que entregaria remédio de moto se ele ganhasse a eleição
para a Prefeitura. Mas os remédios já não existem nas prateleiras dos postos de
saúde há muitos anos, e ele disse que ia entregar remédio em casa! Mas os
remédios não existem.
O que eu acho, Ver. Oliboni, é que a municipalidade tem de
fazer um convênio urgente, para anteontem, com o laboratório do Estado para
fazer a produção dos remédios básicos, que é responsabilidade da
municipalidade! Também penso que a municipalidade tem de contratar consultas
especializadas, não há outro caminho, porque quem está doente não pode esperar,
Ver. Haroldo! Quem tem um problema de varizes para operar, e são dezenas de
pessoas que o têm; outros têm problemas oftálmicos! Outros têm problema na área
de otorrinolaringologia ou na área de gastroenterologia, que têm de ser
resolvidos! São especialidades que o Município não coloca suficientemente à
disposição da municipalidade! Então, há que se fazer um grande acordo com o
Sindicato Médico, com a AMRIGS, e dizer: “Vamos fazer um mutirão” e a
Prefeitura vai ter de fazer a contraprestação.
Agora, acima de tudo, se eu não investir
pesadamente lá na ponta, que é na prevenção, eu posso construir mais dois
hospitais em Porto Alegre, eu posso fazer convênio com o Governo do Estado, com
o Governo Federal, para produzir remédios. E é a mesma coisa na questão da pena
de morte: enganados estão aqueles que acham que, instituindo a pena de morte,
Presidenta, vai-se resolver o problema da criminalidade. Não! E é a mesma coisa
para a Saúde! Não adianta só construir mais hospitais, ter mais ambulâncias; é
preciso enfrentar, lá na ponta, o saneamento básico! É preciso resolver o
problema daquela criança que anda lá no meio da vila com esgoto a céu aberto, e
a sua moradia, quando chove, não resiste à chuva. Esse é um fator de saúde
pública! Essa criança não terá uma vida saudável enquanto não tiver um
tratamento bucal decente. Muitas vezes, com 10, 15 anos, já é uma criança
desdentada!
Então, eu quero finalizar, Ver. Dib, dizendo que, no Dia do
Médico, temos de fazer uma reflexão maior, que é a de analisar a Saúde no nosso
País. E, no nosso Estado, em Porto Alegre, ela não está desconectada dessa
realidade. Por mais que queiram dizer que Porto Alegre tem um tratamento
diferenciado, isso não é verdade! As ruas dizem isso. As pessoas dizem isso. E
em cada família pobre deste Município, com certeza, há alguém hoje dependendo
do atendimento médico municipal.
Portanto, eu acho que este é um momento de uma grande
reflexão; mais do que isso, é um momento de uma tomada de posição, porque os
discursos não justificam a caminhada. O que justifica a caminhada são as
práticas políticas.
Portanto, eu acho que é hora de darmos prioridade à Saúde.
Muito obrigado, Srª Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero cumprimentar
o Dr. Cláudio Sebenelo, o Dr. Goulart, pelo
Dia do Médico, em nome dos Vereadores e Vereadoras desta Casa. Parabéns e são
merecidas as flores
O Ver. Beto Moesch está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. BETO MOESCH: Srª Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, venho mais uma vez à tribuna pelo Partido Progressista para pautar
um assunto extremamente sensível e, ao mesmo tempo, polêmico, mas não menos
importante para Porto Alegre e para o Estado do Rio Grande do Sul; refiro-me ao
Parque Estadual Delta do Jacuí. Esse Parque foi criado há 30 anos, por Decreto,
assim como, Ver. Sebenelo, todos os parques estaduais foram criados por
decreto. Assim foi com o Parque de Itapuã, assim foi com o Turvo, assim foi com
Itapeva, mais recentemente, no Litoral, Ver. Haroldo. Portanto, nós não podemos
aceitar o argumento de que, se um parque foi criado por decreto, ele poderá ser
alterado por decreto, como, infelizmente, o Governo do Estado fez.
A Constituição do Estado é clara ao dizer
que as unidades de conservação - portanto todas criadas por decreto - só podem
ser alteradas, ampliadas, ou extintas por lei! Portanto, qualquer alteração no
Parque Estadual Delta do Jacuí só poderá ser feita por lei! Apenas a Assembléia
Legislativa, após a oitiva do Conselho Estadual do Meio Ambiente, segundo reza
a Lei Estadual nº 10.330, de 1994, pode alterar um parque, seja o Delta do
Jacuí, seja qualquer outro.
Nós estamos sugerindo isso, porque
compete a esta Câmara de Vereadores, pelo fato de a principal área do Parque
Delta do Jacuí estar no Município de Porto Alegre - e porque está aqui o
Ferraro, inclusive conversávamos sobre isso, na semana passada. O Plano Diretor
sempre regeu sobre as ilhas do Delta do Jacuí, no que compete ao Município de
Porto Alegre, e são áreas particulares que precisam ser desapropriadas.
Portanto, jamais um decreto do Governo
Estadual pode atropelar o Plano Diretor da cidade de Porto Alegre, ou de
Eldorado do Sul, ou de outro Município que esteja dentro do Parque Estadual
Delta do Jacuí.
A nosso ver, houve um açodamento jurídico
e principalmente político por parte do Governo do Estado nesse sentido. Mas o
próprio Governo, ao reconhecer o erro, o que é importante, está aceitando rever
esse quadro para apresentar definitivamente o rezoneamento do Parque Estadual
Delta do Jacuí, que, aliás, deve, volto a insistir, passar pelo Conselho
Estadual do Meio Ambiente, para, só depois, ser apresentado como Projeto de Lei
na Assembléia Legislativa do Estado. Aliás, pelo nosso Plano Diretor, o
território do Município que está dentro do Parque Estadual Delta do Jacuí é um
parque! Volto a insistir, não pode um decreto estadual suplantar isso! E mais,
o que seria da Região Metropolitana, o que seria de Porto Alegre, Ver. Besson,
sem o Delta do Jacuí? A cidade de Porto Alegre seria alagada porque, quem retém
as águas que chegam no Guaíba é o Delta do Jacuí; quem mantém o clima e o
microclima do Centro da cidade de Porto Alegre é o Delta do Jacuí; quem absorve
as impurezas da água, que propicia a procriação de peixes naturalmente - ali é
o criatório natural de peixes, e a Z5 que depende do Delta do Jacuí.
Nenhum Governo até hoje – nenhum! –
conseguiu resolver a situação do Delta do Jacuí. Cabe destacar que, há 30 anos,
o Governo do Estado e a Prefeitura de Porto Alegre instituíram o Parque
Estadual Delta do Jacuí, sabendo, sendo sensíveis, da importância desse Parque
para a qualidade de vida, para o desenvolvimento social, econômico e cultural
de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.
Hoje, 18 mil pessoas habitam nesse
Parque, e isso tem de ser levado em consideração. Nós temos áreas imensas de
plantação de arroz que precisam ser levadas em conta, e apenas o Conselho
Estadual do Meio Ambiente, com o apoio desta Casa e também de outras
instituições, pode dirimir esse conflito. Nós estamos contando, mais uma vez,
com a sensibilidade do Governo do Estado para resolvermos o impasse de um dos
ecossistemas mais importantes do Sul do País, que é o Parque Estadual Delta do
Jacuí. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Apregoamos as Emendas
nº 03 e nº 04 ao PLE nº 047/04, assinadas pelo Ver. Cláudio Sebenelo, Líder da
Bancada do PSDB, datadas de 18 de outubro de 2004. As Emendas referem-se ao PLE
nº 047/04, que estima Receita e fixa Despesa da Administração Direta do
Município para o exercício econômico-financeiro de 2005.
O Ver. Valdir Caetano está com a palavra
em Grande Expediente. (Pausa.) Ausente. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra
em Grande Expediente. (Pausa.) Ausente. O Ver. Almerindo Filho está com a
palavra em Grande Expediente. (Pausa.) Ausente. O Ver. Aldacir Oliboni está com
a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Carlos Pestana.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre
Presidente, Verª Margarete Moraes; Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu também queria, como profissional da Saúde, solidarizar-me, aqui,
com o Dia do Médico, não só parabenizando, mas dizendo a todos os nossos
médicos, de modo especial, aos Vereadores Sebenelo, Dr. Goulart e a muitos
outros companheiros e companheiras que estão na luta em defesa de uma melhor
qualidade de vida, do reconhecimento de que essa profissão tem muito a dar,
muito a contribuir com a sociedade brasileira.
Queria também parabenizar o Governo
Municipal de Porto Alegre, que, no dia de hoje, inaugurou a Unidade de Saúde
Santa Cecília, em parceria com o Hospital de Clínicas. Essa unidade vinha
atendendo dez mil famílias e passa, a partir de hoje, a atender a mais de 35
mil famílias cadastradas.
Nós temos, sim, muito a comemorar no Dia
do Médico, não só porque nós priorizamos a saúde em Porto Alegre, mas porque
reconhecemos que, em 16 anos, nós ampliamos os serviços em saúde. Nós não
usamos de uma certa demagogia - eu gostaria que o Ver. Sebastião Mello
estivesse presente - em uma campanha, como fez o Rigotto, ao dizer que iria
construir um posto de saúde em cada quilometro, e até hoje não inaugurou
nenhum!
Eu acho que nós temos olhos para ver que
temos muito a comemorar em Porto Alegre - ao contrário do que poderíamos dizer
em relação ao Governo do Estado -, é uma questão de reconhecimento e de
respeito às pessoas que estão trabalhando na área. Ao mesmo tempo, dizem que
não houve avanço e não reconhecem que a Prefeitura de Porto Alegre, num quadro
de dois mil servidores passou a ter mais de seis mil servidores nesse período.
Então, é inadmissível entender que algumas pessoas que fazem uma campanha,
passam pelas vilas todas, e percebem que ali as comunidades estão satisfeitas
com alguns serviços, e, aqui ao microfone, não manifestam essa possibilidade de
que há, sim, muito por fazer, mas também há muito por reconhecer em Porto
Alegre.
Nós atendemos em Porto Alegre mais de 40%
dos serviços do interior do Estado, enquanto muitos dos Partidos que estão no
Governo, logo ali, fora de Porto Alegre, e que trabalham com a política da
ambulancioterapia, não reconhecem que Porto Alegre é um centro de referência no
atendimento médico, seja ele de pequena ou de grande complexidade.
Então, não reconhecer, aqui, que Porto
Alegre é de extrema importância para o conjunto do Estado do Rio Grande do Sul,
é não merecer a importância que a Cidade tem, a importância de a Cidade
contribuir com o interior do Estado. Perguntem àqueles cidadãos e àquelas
cidadãs, que vêm aqui a Porto Alegre para utilizarem-se dos serviços, para
saberem a importância que esse serviço tem para eles.
Agora, nós não fizemos como muitos
Deputados fazem, simplesmente constituem albergues em Porto Alegre, utilizando-se
do serviço de Porto Alegre, e vão lá na sua região e dizem que eles é que
conseguiram a consulta, que eles é que conseguiram a cirurgia, que eles é que
fazem e promovem a Saúde. Muito pelo contrário, Porto Alegre faz muito bem isso
e não diz que foi o Município que fez, mas que foi o sistema que possibilitou
isso. Existem muitas pessoas que, infelizmente, não conseguem enxergar além do
seu umbigo, não têm a coragem de dizer que em Porto Alegre nós temos, sim, um
serviço qualificado.
Nós queremos mais; nós investimos, por
exemplo, mais de 18% do Orçamento Municipal em Saúde; o Governo do Estado,
muito pelo contrário, deixou de repassar mais de 300 milhões, somente em um
ano, ao serviço de saúde em Porto Alegre.
É preciso reconhecer algumas coisas. Muitas coisas não são
reconhecidas e, simplesmente, “jogam na vitrine”, “jogam no ventilador”, porque
é um período de eleição, e nós não podemos aceitar essa demagogia que estão
querendo implantar em Porto Alegre.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Aldacir Oliboni, eu ouço com atenção V. Exa, mas em
Porto Alegre circula mais de um bilhão e meio de reais, anualmente, para
atender a Saúde, e ela é muito mal-atendida, mas também muito mal-explicada. Eu
não consigo a explicação da Prefeitura, no seu Balanço; também não consigo, de
parte do ex-Vereador desta Casa, o Sr. João Constantino Pavani Motta, uma cópia
do relatório da Administração do Grupo Hospitalar Conceição, do ano passado,
para poder entender um pouco.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: V. Exª terá essa cópia, com certeza, até
porque nós fizemos questão de publicizar essa cópia, Ver. João Antonio Dib, que
vai demonstrar, claramente, a CPI ou a sindicância feita no Hospital Conceição,
especificamente no Hospital Cristo Redentor, onde mais de 15 profissionais da
Saúde foram afastados por desvio, ou por negligência, em função do escândalo de
órteses e próteses, naquele Hospital.
Então, não vamos, aqui, mexer numa
abelheira, porque o passado compromete muitas pessoas que ali se utilizaram do
serviço da Saúde, por isso é preciso dizer, também, que se muitas vezes nós não
conseguimos dar o aporte necessário, é porque algumas pessoas se utilizam dessa
prática para poder infernizar o serviço da Saúde, ao contrário do que quer o
SUS, Sistema Único de Saúde, que quer viabilizar o atendimento a todo cidadão e
cidadã de Porto Alegre e do interior do Estado. Até porque nós, como órgão
gestor, defendemos a universalização dos serviços. A universalização dos
serviços não discrimina ninguém, e, por não discriminar ninguém, não podemos
dizer que o interior do Estado não pode utilizar-se dos serviços da Saúde em
Porto Alegre.
Queremos ampliar, sim, mas queremos a
contrapartida, seja do Governo Federal, que está colaborando, mas, principalmente,
queremos a colaboração e o compromisso sério do Governo do Estado - vamos
aguardar, há mais dois anos ainda - para tentar inaugurar um posto de saúde em
cada quilômetro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Apregoamos a Emenda
nº 05 ao PLE nº 047/04, que estima a Receita e fixa a Despesa para o exercício
econômico-financeiro de 2005, assinada pela Associação Comunitária dos
Moradores da Vila Max-Geiss, pela Associação Amigos do Cristal, pela Associação
Comunitária Jardim dos Coqueiros e pela União das Associações de Moradores de
Porto Alegre, a UAMPA.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Srs. Vereadores e Srªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos
acompanham nas galerias e também pela TVCâmara, eu queria saudar a todos.
Em nome do PDT, o Partido Democrático
Trabalhista, eu quero saudar os nossos dois colegas médicos desta Casa, o nosso
querido Ver. Cláudio Sebenelo e o nosso querido Ver. Dr. Goulart, dois
profissionais médicos de ponta que prestam relevante trabalho social,
principalmente às camadas mais pobres da nossa cidade de Porto Alegre.
Ver. Aldacir Oliboni, colega Vereador
desta Casa e funcionário do Hospital da PUC, eu tenho um respeito muito grande
por V. Exª, só que, conforme seu pronunciamento, a Saúde em Porto Alegre está
deixando muito a desejar, Vereador. Inclusive tenho alguns pedidos de
consultas, alguns pedidos de cirurgias, e vou procurá-lo até para que V. Exª
possa ajudar este Vereador, que ajudará essas pessoas que procuram não só o meu
gabinete, mas também outros gabinetes, pedindo socorro, pedindo pelo amor de
Deus uma consulta, uma internação; são pessoas que necessitam urgentemente de
cirurgias e de consultas, que são marcadas para janeiro, fevereiro, março ou
abril do próximo ano. Então, não anda bem a Saúde de Porto Alegre.
Por isso eu me dirijo a V. Exª, como
Vereador desta Casa, V. Exª que trabalha no Hospital da PUC, um grande
Hospital, e pela sensibilidade que também tem para com os nossos doentes e
pacientes; peço socorro a V. Exª
Tenho falado algumas vezes nesta tribuna,
e vou repetir mais uma vez, que a central que foi criada pelo Partido dos
Trabalhadores não funciona, porque as pessoas que atendem na central não têm o
conhecimento adequado, porque não são profissionais da área, não são médicos,
não são médicas. Os profissionais da área da Saúde, os médicos, quando
necessitam de uma internação com urgência ou de uma cirurgia com urgência,
todos colocam: “Com urgência”, e as atendentes, as meninas que atendem, às
vezes, são gurias que não têm culpa de não conhecerem o serviço. Então, só se
acontece um problema muito sério para que as pessoas consigam uma cirurgia ou
uma internação.
Então, isso tem de ser revisto, sim,
nobres colegas Vereadores, nós que fomos eleitos por uma parcela da população
desta Cidade, temos de ter consciência da responsabilidade que temos para com o
povo da nossa cidade de Porto Alegre. Então, temos de rever, sim, essa central
de internação, essa Central de Consultas que não está funcionando. Assim não é
possível.
Alguns Vereadores já anunciaram aqui
desta tribuna, até com tristeza, casos de pessoas receberem uma comunicação de
que terão uma consulta ou uma internação, e já faleceram. Então, não funciona,
e nós temos, sim, de trabalhar fortemente nessa área, pelo menos para aliviar o
sofrimento dessas famílias. Eu tenho três ou quatro pedidos em meu gabinete de
pessoas implorando, pedindo pelo amor de Deus uma ajuda para que possam ter uma
consulta em diversas especialidades, e é marcada para daqui a sete ou oito
meses. É difícil; é difícil!
Também fui procurado por outra família,
inclusive vou pedir socorro para o Ver. Aldacir Oliboni. O cidadão precisa de
uma cirurgia com urgência, e não consegue. E vão marcar a cirurgia só para o
próximo ano. No próximo ano, talvez, a pessoa nem esteja mais aqui; pode ter
até morrido, porque a cirurgia é de urgência, urgentíssima. Então, as pessoas
nos procuram.
Há problemas e muitos problemas na área
da Saúde, e nós temos de estar cientes, porque nós também temos uma parcela de
responsabilidade. E vou cobrar, sim, como já disse, do Ver. Aldacir Oliboni,
que trabalha num grande hospital desta Cidade, que é o Hospital da PUC. Muito
obrigado, Srª Presidenta.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, demais ouvintes e acompanhantes desta Sessão, em primeiro lugar, eu
queria tratar de um tema que me parece que insulta, ou, para usar outro termo,
desrespeita este Plenário e esta Casa: o fato de nós termos, no final do mês de
junho, aprovado um Requerimento, por unanimidade dos Vereadores e Vereadoras,
convidando o Secretário de Estado do Meio Ambiente, ou alguém que o represente,
para vir aqui na Câmara para discutir com os Vereadores do Legislativo
Municipal da Capital os encaminhamentos que vinham sendo anunciados para o
Parque Estadual do Delta do Jacuí.
Nós aprovamos no final de junho, e,
apesar de uma insistência muito grande da Mesa Diretora, como é da sua
responsabilidade, para dar encaminhamento aos Requerimentos aprovados pelo
Plenário, não houve nenhum retorno positivo no sentido de trazer aqui o
Secretário do Estado do Meio Ambiente ou um representante seu para discutir um
tema de extrema importância para a Cidade de Porto Alegre.
Houve, a meu juízo, uma desconsideração
completa de parte do Governo do Estado para com o Parlamento Municipal. Aí,
quero dizer, com toda tranqüilidade, independente de coloração partidária, que
eu acho que a soberania e o respeito ao Legislativo é fundamental. Tanto é que
eu, que fui Secretário do Município, nunca deixei de atender a qualquer
solicitação da Câmara, e há uma posição do Partido dos Trabalhadores, da Frente
Popular de atender, pois, inúmeras vezes, Secretários, Secretarias, enfim, se
fizeram presentes aqui, como todos são testemunhas.
Então, quanto a uma questão como o Delta
do Jacuí, que está diretamente vinculada à qualidade de vida da cidade de Porto
Alegre, realmente acho que há um motivo de protesto formal desta Casa à
postura. E postura essa, que, na verdade, depois, se demonstrou o porquê.
Porque, na verdade, estavam tentando esconder ou surpreender a Cidade, porque
no dia 29 de setembro, um Decreto do Governador simplesmente aboliu o Parque
Estadual. Já foi colocada aqui a importância desse Parque para as questões
gerais ao equilíbrio ambiental.
Agora, veja, Ver. Sebenelo, toda a Zona
Norte da Cidade, por estar na cota zero, às vezes, quando as águas do Delta
estão cheias, na cota negativa, imaginem se nós, no próximo período não
tivermos o papel do Delta e suas ilhas que praticamente age como uma esponja,
que absorve essas águas? Se isso não acontecer mais, onde é que essas águas vão
pressionar ainda com mais força? Nas margens do Guaíba. E o que está às margens
do Guaíba? A cidade de Porto Alegre. Portanto, hoje nós já temos problemas de
drenagem que são bastante sérios, em várias regiões da Cidade, notadamente na
Zona Norte da Cidade pela sua topografia e pela cota que ali está, do Guaíba.
Se nós, no Delta, dificultarmos e impedirmos que ele cumpra o papel de
regulador das águas, realmente, a situação vai agravar-se ainda muito mais, e
ninguém quer isso.
Portanto, o Decreto que transforma, além
da ilegalidade que tem, porque foi de um desconhecimento bastante grande, até
inusitado - eu diria surpreendente - quando o Secretário de Estado diz que:
“Bem, como o Parque foi declarado e constituído por um Decreto, pode ser
desconstituído por um Decreto, também. Isso, Ver. Besson, eu acho que não é de
forma nenhuma má-fé, mas é de um desconhecimento impressionante, quando o
próprio Sistema Nacional de Unidade de Conservação e tantos outros elementos
legais desmentem isso. Qualquer assessor jurídico, não muito experiente,
inclusive, desmentiria isso. Parece-me que só tem uma posição razoável: tem de
ser revogado esse Decreto, como de fato, ontem, o Conselho Estadual do Meio
Ambiente aprovou uma Moção apresentada por entidades ambientalistas, por 13
votos contra 1 - esse um voto foi do representante da Secretaria do Meio
Ambiente -, com duas abstenções, para a revogação imediata desse Decreto, para
restabelecer um debate adequado.
É importante que se diga que a discussão
não é dos ilhéus contra os ambientalistas. Ao contrário, existe uma proposta
sendo discutida há mais de quatro anos e que foi intensificada no Governo
passado, que exatamente discutiu um rezoneamento daquela área, porque já existe
ocupação consolidada e plenamente possível de conviver com o Parque. Portanto,
não se trata de defender ilhéus. Não. Na verdade tanto para os ilhéus quanto
para os preservacionistas é fundamental manter as características daquela área.
E vejam que a proposta, transformando em área de preservação ambiental, a rigor
ela é um sinalizador para ampliar a ocupação daquela área, e eu tenho certeza
de que não é interesse de ninguém, porque quanto mais gente ocupar aquela área,
mais difícil fica uma solução razoável para o problema.
Por isso, é algo grave; é um retrocesso
na política de gestão ambiental do Estado e, com certeza, foi um equívoco que
tem de ser corrigido com a revogação do Decreto, porque, sem a revogação do
Decreto, é impossível constituir um debate razoável e conseguir uma solução
justa para o tema, que eu tenho certeza de que é o objetivo de todos nós,
independente do processo eleitoral, independente de qualquer posicionamento.
Esta questão é uma questão estratégica
para a cidade de Porto Alegre, para a gestão ambiental do Estado e para a
qualidade das águas, ali, porque, como área de preservação ambiental, se
estimula, inclusive, a possibilidade de usar aquela área como área para
plantação de arroz, que é um dos maiores problemas, hoje, para a boa relação
das águas. E aquela área não é própria para esse tipo de situação.
Então, eu concluo com isso, porque acho
que foi um desrespeito, uma desconsideração para com o Legislativo, e é preciso
que a gente não aceite que isso seja dado como barato. Tenho certeza de que o
Plenário da Câmara não aceita isso, independente de qualquer posição ou
coloração político-partidária. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Registramos a presença
do Vereador eleito Bernardino Vendruscollo. Seja bem-vindo!
O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Exma Presidenta, Verª
Margarete Moraes, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, estava a
observar, a prestar atenção no discurso do Ver. Oliboni e comecei, Ver. João
Dib, a rascunhar. Comecei pela Saúde, Habitação, Educação, funcionalismo
municipal, desemprego e poderia citar o Centro da Cidade. Na questão da Saúde,
em Porto Alegre, há milhares de pessoas sem atendimento, sem remédios, sem
médicos, gente morrendo nas filas.
Na Habitação há uma defasagem enorme;
milhares de pessoas em áreas invadidas, sem as suas casas, sem o seu terreno, e
muitas vezes até incentivadas a invadirem. Como Presidente da Comissão de
Direitos Humanos e do Consumidor, junto com o Ver. Besson, constatei in loco que as melhores casas invadidas
tinham uma plaquinha dizendo “Orçamento Participativo”; eram dos conselheiros.
Então, o Orçamento Participativo, que dizem que é uma beleza, também
incentivava a invasão, em muitas regiões, até porque quando o Governo Federal
era de outro Partido, diziam que a capacidade de implantar habitação em Porto
Alegre era do Governo Federal.
Mas o tempo foi passando e o PT está no
Governo Federal, e as coisas continuam da mesma forma, paradas, sem condições
de crescimento.
Na Educação, recentemente a ex-Deputada
Esther Grossi questionou o ensino por ciclos na cidade de Porto Alegre. Então,
comecei pela Saúde, Habitação, agora Educação e quanto ao funcionalismo
municipal nunca esteve tão preocupado e tão desnorteado pela Administração
Municipal; há uma revolta geral e querem fazer até Orçamento Participativo dos
funcionários, ou seja, aquele que tem papel empresta para os outros que não têm
papel, e assim vai; aquele que tem máquina empresta para o outro. Não há
condições, portanto, de gerar um trabalho adequado aos funcionários. E a
bimestralidade está abandonada.
A Guarda Municipal está até hoje sem um
regimento interno, sem hierarquia, sem condições de trabalho, sem condições de
prestar o seu trabalho, a não ser nas escolas ou nas secretarias, às vezes até
cuidando de um elevador, quando tem uma função mais ampla de guarda municipal e
que deve ser analisada com muito carinho e dando condições de trabalho a esses
funcionários.
A EPTC, que só pensa em multa, que não
tem orçamento próprio a não ser os mais de 70% das multas em cima do cidadão
porto-alegrense. E o desemprego, antes era a causa do Governo Federal, era uma
bandeira do Partido dos Trabalhadores; problema de emprego, na Capital, era do
Governo Federal.
Lamentavelmente o meu Partido apóia o PT
em âmbito nacional, mas vamos fazer uma grande discussão futuramente, depois
das eleições, para saber qual é o caminho do PTB no Rio Grande do Sul, porque
esse caminho de Roberto Jefferson não é o meu caminho, e tenho a certeza de que
não é o caminho da maioria dos petebistas do Rio Grande do Sul.
Esta
Porto Alegre que diz que está certa, que está crescendo... E o Centro da
Cidade? Que horror! Quando chegamos a Porto Alegre, em 1977, nós tínhamos a
satisfação de andar no Centro da Cidade, conversar com os amigos, tomar um
cafezinho; hoje temos medo, a população de Porto Alegre tem medo de andar no
Centro da Cidade pela insegurança, pela sujeira, pela intranqüilidade.
Portanto, é esta a Porto Alegre que nós não queremos mais, é esta a Porto
Alegre que queremos ver transformar-se numa cidade próspera que começa a perder
seus degraus, perder a sua capacidade de amparar o cidadão porto-alegrense em
todos os sentidos.
O Ver. Aldacir Oliboni falou aqui da
saúde. Bom, a saúde está um caos. Mas não é só isso: é Habitação, é Educação, é
o Centro da Cidade, são as comunidades que estão sentindo de uma vez por todas
que é hora de cobrar do Executivo aquilo que o Orçamento Participativo promete
à população de Porto Alegre, mas não consegue resolver há anos. Obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos às
A Verª Helena Bonumá está com a palavra
em Comunicações.
A
SRA. HELENA BONUMÁ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhores e senhoras que nos
acompanham nesta Sessão. Às vezes, escutando os pronunciamentos nesta tribuna,
ficamos com uma impressão estranha, não que seja estranha em relação à Câmara
de Vereadores, porque eu acho que uma função pública como a nossa nos exige um
grau muito grande de responsabilidade, de coerência e de respeito com o cidadão
e a cidadã da nossa Cidade. O nosso povo tem inteligência, e mais que isso, o
nosso povo tem uma experiência concreta de vida. Não é à toa que esta Cidade se
tornou uma referência no mundo. Hoje em dia, nós podemos dizer que Porto Alegre
se transformou, Vereadora Presidenta, na Capital política do mundo. E é por
isso que o mundo tem vindo a Porto Alegre, quase que anualmente, como virá e
estará aqui nas suas mais diferentes representações governamentais, sociais e
políticas.O mundo estará na nossa Cidade em janeiro do ano que vem. E isso,
senhores, é um reconhecimento do que tem sido construído nesta Cidade, há
dezesseis anos, pela Administração Popular e, há dezesseis anos, pelo povo
organizado desta Cidade, o cidadão e a cidadã de Porto Alegre, tem construído
direitos, construído uma nova alternativa de gestão pública em parceria com a
Administração Popular, que se tornou uma referência no mundo. Portanto, do meu
ponto de vista, é patético quando Vereadores de um Partido de sustentação dos
oito anos do Governo neoliberal do Fernando Henrique Cardoso manifestam-se em
tribuna dessa maneira, os governos neoliberais, que transformaram este País em
uma sucata, o Estado brasileiro em uma sucata, agravando, violentamente, as
condições de vida de um povo que, há mais de 500 anos, tem sido marginalizado
do desenvolvimento, que, há mais de 500 anos sofre o autoritarismo e o descaso
de um Estado, um povo que tem sido apropriado por uma elite de rapina - porque
a elite do nosso País é uma elite de rapina - isso tem sido assim, é uma elite
que não considera direitos.
Nós vivemos num País em que o maior
violentador de direitos, ao longo da história, tem sido o Estado. Pois, nós,
aqui, durante os governos neoliberais do Sr. Fernando Henrique Cardoso e dos
partidos da sua base de sustentação - que agravaram, e muito, a condição de
vida do povo brasileiro –, durante esse período, realizamos um Governo,
realizamos uma parceria, realizamos uma gestão pública que inverteu a lógica
dessa história de exclusão. E essa experiência se tornou uma referência
mundial. Essa experiência se tornou uma referência para todos aqueles lutadores
sociais do mundo inteiro que acreditam que um outro mundo é possível: um outro
mundo de justiça social, Ver. João Dib, um outro mundo sem exclusão, um outro
mundo em que a gente possa, de fato, recuperar aqueles preceitos da Revolução
Francesa, de igualdade, liberdade e de fraternidade, que nós sabemos que
inaugurou a era burguesa no mundo.
No entanto, o que acontece? Nós não estamos nem aí. A nossa
exclusão é tamanha, a barbárie, aqui, é tanta, que nós não estamos nem aí. Pois,
aqui, nesta tribuna, nós, de uma forma assustadora, assistimos a uma sucessão
de discursos que eu não sei como é que a gente vai qualificá-los.
Há um velho revolucionário que dizia: o
critério da verdade não é o discurso; o critério da verdade é a prática. O que
esses Partidos fizeram quando estavam no Governo? O que fazem quando estão no
Governo? Nós, aqui, mostramos para o mundo inteiro o que nós fazemos quando
estamos no Governo: nós desafiamos a lógica do Estado brasileiro, nós chamamos
a população, principalmente aquela mais excluída, para governar conosco,
criando um modelo que se tornou uma referência mundial. Mas é um Governo que é
importante, Srs. Vereadores, principalmente pelo o que ele constrói na nossa
Cidade em termos de obras, em termos de investimentos, em termos de Saúde
Pública, em termos de Assistência Social, em termos de Educação, em termos de
Segurança Urbana e, principalmente, em termos da construção do sujeito dessa
história toda, que é o povo da nossa Cidade, que, aqui, tem um grau de
participação que não existe na grande maioria das cidades brasileiras, na
grande maioria das capitais do mundo.
Portanto, nós temos, sim, muito orgulho
da nossa experiência e queremos, sim, comprar esse debate como um bom debate.
Porto Alegre é uma cidade que tem futuro; Porto Alegre é uma cidade que
acredita neste futuro, porque tem construído o seu presente de uma forma muito
ousada e desafiadora, rompendo com a lógica de exclusão do Estado e da
sociedade brasileira. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. João Antonio Dib
está com a palavra em Comunicações.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores; minhas senhoras e meus senhores, mentir é falar
contra o que se pensa para enganar. O que eu diria daqueles que anunciam que
vão iniciar as obras do Conduto Forçado Álvaro Chaves? Não vão nem continuar,
porque dizem que vão fazer no ano que vem! Um bom trecho do Conduto Forçado
Álvaro Chaves está pronto há muito tempo. Mas o que eu diria daquele anúncio
que, reiteradas vezes, está sendo levado às rádios da nossa Capital, dizendo
que um Prefeito aí iniciou as obras da 3ª Perimetral. Esta é uma mentira
deslavada. Eu sou um homem de boa memória: no dia 10 de maio de 1978, por uma
gentileza especialíssima do Prefeito Guilherme Socias Villela e do então
Secretário de Obras e Viação Jorge Englert, eu que assumiria a Secretaria de
Obras no dia seguinte, fui convidado: “Convido o Ver. João Dib para abrir a 3ª
Perimetral". Então ela já tinha funcionamento em toda a extensão desde 10
maio de 1978. Mas no dia 30 de dezembro de 1983, o Prefeito João Dib foi ao
binário das Ruas Edu Chaves, Souza Reis, Av. Ceará e Rua Pereira Franco
entregar a obra que havia sido iniciada pelo seu antecessor, Guilherme Socias
Villela, com recursos que não foram do BID. Agora dizem que um Prefeito, que eu
não sei quem é, Jorge Anglada, iniciou as obras da 3ª Perimetral. Excluíram-me?
Excluíram o Guilherme Socias Villela? Mas eu alarguei a Avenida Carlos Gomes
também! É que nós não tínhamos dinheiro para fazer publicidade.
Mas essa história de mentir é um negócio
impressionante. O Prefeito desta Cidade, tenho o mais profundo respeito pelo
Prefeito João Acir Verle, mas ele
não poderia ter assinado esta carta que ele mandou aos servidores municipais.
Não poderia fazer isso. Ele diz aqui que (Lê.): “O Tribunal de Contas do Estado
(TCE) vem nos alertando que o gasto com pessoal da Prefeitura ultrapassou o
limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal”.
Evidentemente o Prefeito João Acir Verle, que tem uma formação lá do Tribunal
de Contas, não leu o relatório do Tribunal de Contas que foi mandado para ele,
para mim e para o Dr. Favreto, e que diz, em relação às contas da Prefeitura
que a Despesa com pessoal fica adequada ao limite de 90% de que trata o artigo
59, § 1º, inciso II e, evidentemente, aos limites de 95%, e máximo, de que
tratam respectivamente os artigos 22, parágrafo único, e 20, inciso III, alínea
b, da Lei Complementar nº 101/2000” -
que é a Lei de Responsabilidade Fiscal -, descaracterizando, dessa forma, a
situação de alerta automático.
Portanto, não houve. Mais adiante, ainda
na parte do relatório aprovando as contas da Prefeitura, na Despesa Total com
Pessoal (Lê.): “Consigno que o percentual apurado no final do exercício de
2003, no que se refere à despesa total com pessoal apresentada pelo Executivo
Municipal, é inferior ao limite de 90% de que trata o artigo 59, § 1º...”.
Mentir é falar contra o que se pensa para enganar. Aí ele fala sobre um
material que chegou às mãos de um servidor e de alguns Vereadores também, que
eu fiz questão de distribuir, sobre um projeto de levantamento da folha de
pagamento da Prefeitura Municipal feito por uma empresa que não se sabe de onde
veio, por que está aí, se possui um passado que garanta que ela é capaz de
fazer um trabalho nessas condições - não se sabe. Eu precisaria de mais tempo
para analisar, mas não posso deixar passar que o Prefeito faz aqui uma campanha
política quando diz que os servidores não se deixarão enganar. Claro que não
vão deixar-se enganar. Foram enganados por muito tempo, eles não vão continuar
sendo enganados, são muito inteligentes, dedicados, competentes, sérios, para
serem enganados da forma como pretende a Administração Prefeitoral. Saúde e
PAZ!
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Bosco Vaz
está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Cláudio Sebenelo
está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. João Carlos
Nedel.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, hoje é o
Dia do Médico. O médico está sendo presenteado - entre aspas - com uma
discussão extremamente injusta sobre o Ato Médico. O Ato Médico quer dar,
segundo o Projeto que está no Senado da República, prioridade, exclusividade ao
médico quanto ao diagnóstico e ao tratamento das doenças, e que a área da Saúde
seja gerenciada por médicos.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu tenho a impressão que V. Exª está respondendo a uma indagação
que eu lhe fiz. Como Psicólogo que sou - doutorado - eu fiquei incrédulo em
saber dessa investida dos médicos sobre toda a ciência, do psique e do soma, e surpreendido com esse ataque – ataque
científico, é claro –, e V. Exª está-me respondendo, o que eu muito agradeço.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Pois não, até quero-lhe dizer que, do
ponto de vista psicológico, o psicólogo evidentemente pode fazer o diagnóstico;
o que ele não pode fazer é a prescrição, porque não há em Psicologia o estudo
de farmacologia, farmacodinâmica, estudo de psicofármacos. Esse estudo não
existe! E, por isso, então, o psicólogo não pode receitar. Só pode fazer
diagnóstico, está muito claro.
Mas o que nós gostaríamos de dizer é que está bem
caracterizado na Constituição brasileira o que é charlatanismo, o que é o
exercício ilegal da Medicina. Charlatanismo é uma promessa de curas com o
desconhecimento do método e sem que esses métodos tenham efeito. E exercício
ilegal da profissão é o exercício que é de exclusividade do médico e que passa
a ser usado por outros profissionais. Estariam exercendo ilegalmente a
profissão as pessoas que exercem enfermagem e que não têm formação em
Enfermagem; as pessoas que exercem o Direito, não tendo a formação devida.
Antigamente chamavam-se de rábulas, hoje chamam a isso de charlatanismo,
também.
O
Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Cláudio Sebenelo, a linha do meu discurso – não sei se V. Exª
ouviu, se estava no plenário – é a linha do discurso de Vossa Excelência:
profissionais têm de trabalhar na linha em que eles estudaram, aprenderam. Mais
uma vez, Vereador, eu digo a V. Exª que essa central de marcação de consultas,
de internações, não funciona, porque retirou a autoridade, o conhecimento
profissional do médico. É essa linha que nós temos de discutir, aprofundar,
para que nós possamos aliviar o problema desses doentes que enfrentam essa
barbárie que está acontecendo hoje nesta Cidade, Vereador. Sou grato a Vossa
Excelência.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Não só, Ver. Ervino Besson, eu concordo
com V. Exª, mas quero só acrescentar que já no fim do gás, exausto de tanto
falar sobre esse assunto durante oito anos, eu quero dizer que só há um
remédio, aquele que virá dentro de poucos dias para resolver essa questão da
política municipal de saúde. Dentro de poucos dias, aqui na cidade de Porto
Alegre, vai haver uma mudança, e essa mudança proporcionará uma nova política
municipal de saúde. Porque a política que está aí, sobre a qual nós pedimos uma
CPI, que desgraçadamente até hoje se encontra no Judiciário sem resposta, fez
da saúde um caos; do anseio das pessoas, a desesperança; e, da dor, uma forma
de opressão. É sobre isso que, diariamente, nós falamos, mas, dentro de muito
pouco tempo, isso vai mudar em caráter definitivo.
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero anunciar, com
muito carinho, a presença de 60 alunos da Universidade do Estado do Rio Grande
do Sul - UERGS -, do curso de Pedagogia, da cidade de São Francisco de Paula,
numa promoção do Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre. A visita é
dirigida e orientada pelo Prof. Jorge Barcelos.
Sejam sempre bem-vindos a Porto Alegre,
na nossa Câmara de Vereadores!
O Ver. Luiz Braz está com a palavra em
Comunicações.
O
SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes;
Ver. Pedro Américo Leal, também com assento à Mesa; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras; senhoras e senhores, eu preparei duas comunicações para fazer
no dia de hoje, mas não posso deixar de fazer também um reparo ao
pronunciamento que fez o Ver. Gerson Almeida, quando ocupou esta tribuna. O
Ver. Gerson disse que o Secretário do Meio Ambiente do Estado, o Sr. Adilson
Troca, deixou de atender a uma solicitação votada por esta Casa para que ele
aqui comparecesse e explicasse os problemas das alterações havidas na
Legislação com referência à região do Delta do Jacuí. Ora, não precisa ser
muito entendido em legislação para saber, Ver. Pedro Américo Leal, que nós,
aqui na Câmara de Vereadores, temos o direito, o dever de fazer a convocação
dos Secretários e Diretores que estão ligados às Secretarias, às Autarquias do Município
de Porto Alegre.
Eu não posso, aqui, Vereadores e
Vereadoras, querer exigir através de uma votação deste Plenário, que o
Secretário do Estado, seja ele de qualquer Secretaria, venha aqui a esta
Câmara, para prestar esclarecimentos. Ele vem se assim o quiser! Quem é que
pode convocar o Secretário de Estado? Pode convocar o Secretário do Estado a
Assembléia Legislativa! A Assembléia pode, a qualquer instante, pedir, exigir
que o Secretário vá até lá e preste esclarecimentos. O que não pode acontecer,
Ver. Pedro Américo Leal, é o que sempre aconteceu quando o Ver. Gerson Almeida
estava, por exemplo, na Secretaria do Meio Ambiente, ele nunca atendia os
pedidos desta Casa. Aliás, isso foi normal com todos os Secretários Municipais
– com raras exceções. Aí ao seu lado, Ver. Pedro Américo Leal, está uma dessas
raríssimas exceções – a Verª Margarete Moraes, quando esteve à frente da
Secretaria da Cultura, sempre procurou, de todas as formas, atender aos
Vereadores desta Casa.
Eu não digo, Ver. Pedro Américo Leal e
Verª Margarete Moraes, que o Secretário tem obrigação de atender o pedido que
vai endereçado, aqui desta Casa, mas ele tem obrigação de ouvir o pedido e de
dar uma resposta. Isso nós nunca conseguimos com a maioria dos Secretários do
Município que estiveram à frente das Secretarias nesses 16 anos! E o Ver.
Gerson Almeida foi um exemplo típico desses Secretários que faziam questão de
nem receber, de dificultar o acesso às Secretarias e, nas vezes em que ouvia os
Vereadores, praticamente não dava muita atenção para tentar responder aos
questionamentos que lhe eram feitos aqui da Câmara Municipal.
Então, não pode, de forma nenhuma, o Ver.
Gerson Almeida subir a esta tribuna e querer exigir que o Secretário de Estado
venha a esta Casa dizendo que é um desrespeito ele desatender o pedido desta
Casa para chegar até aqui e prestar esclarecimentos com relação ao Delta do
Jacuí. Ele vai lá na Assembléia e vai prestar esclarecimentos com relação ao
Delta do Jacuí, e, quando for solicitado, tenho certeza absoluta de que, se
esta Casa fizer um contato com o Secretário Adilson Troca, ele vai ter o máximo
prazer de vir aqui também e discutir sobre o Delta do Jacuí; agora, não dessa
forma – aí sim: desrespeitosa – porque quer o Ver. Gerson Almeida fazer com que
um Secretário de Estado venha até esta Casa e se subjugue aos questionamentos
dos diversos Vereadores para que ele dê explicações sobre as alterações da
Legislação havida com relação à região do Delta do Jacuí.
Eu fiz questão de dar essa resposta ao Ver. Gerson Almeida,
que veio aqui a esta tribuna, e deixo de falar, mas vou voltar aqui,
relativamente a dois casos que eu acho que são extremamente importantes.
Primeiramente, sobre a fiscalização da EPTC com relação aos táxis-lotação:
mandam descer o passageiro a qualquer instante para fazer a fiscalização dos
carros – vou falar sobre isso –, e também sobre os focos de mosquitos que
existem lá no bairro Sarandi e que ainda não foram vistoriados pelo pessoal da
Saúde.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Maria Celeste
está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. A Verª Maristela Maffei
está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.
Registro a presença dos Vereadores João
Antonio Dib, Haroldo de Souza, Reginaldo Pujol, Ervino Besson, João Bosco Vaz,
Nereu D'Avila, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz e Pedro Américo Leal. Visivelmente
não há quórum. Está encerrada a presente Sessão. Obrigada a todos.
(Encerra-se a Sessão às 17h06min.)
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